Papa Francisco: “comunistas pensam como os
cristãos”
Líder católico afirmou que Cristo defendeu sociedade em que pobres e
excluídos decidam as coisas.
Brasil de Fato | São Paulo (SP), 11 de
Novembro de 2016 às 14:29
Jorge
Bergoglio disse que sua maior preocupação é questão dos imigrantes e refugiados
/ Presidencia de la República Mexicana.
O papa Francisco disse que “são os comunistas que pensam como os
cristãos”. A declaração foi dada nesta sexta-feira (11), em uma entrevista
publicada no jornal La Repubblica, quando
Francisco foi questionado sobre uma possível sociedade de inspiração marxista.
“São os comunistas os que pensam como os cristãos. Cristo falou de uma
sociedade onde os pobres, os frágeis e os excluídos sejam os que decidam. Não
os demagogos, mas o povo, os pobres, os que têm fé em Deus ou não, mas são eles
a quem temos que ajudar a obter a igualdade e a liberdade”, explicou o
argentino Jorge Bergoglio.
Francisco defendeu também uma presença maior da sociedade civil na vida
pública, afirmando que os movimentos populares devem entrar no mundo da
política, “mas não no político, nas lutas de poder, no egoísmo, na demagogia,
no dinheiro, mas na política criativa e de grandes visões”.
EUA
Em relação à recente eleição de Donald Trump, Francisco evitou declarações
diretas, dizendo apenas que a única que o interessa em relação a políticos
profissionais são “os sofrimentos que sua maneira de proceder podem causar aos
pobres e aos excluídos”.
Bergoglio, entretanto, abordou uma das temáticas mais presentes na campanha
do republicano. Ele apontou que a prioridade de suas preocupações é a situação
vivida por refugiados e imigrantes, reiterando a necessidade de “acabar com os
muros que dividem, tentar aumentar e estender o bem-estar. E para eles é
necessário derrubar muros e construir pontes que permitam diminuir as desigualdades e dar mais
liberdade e direitos”.
Edição: José Eduardo Bernardes - Transcrito do Brasil de Fato.
“A paz se conquista somente quando há a garantia de
direitos para ter uma vida digna”
Jovem analisa o contexto social atual de seu país e das semelhanças com
outros lugares
Rafaella Dotta
Belo Horizonte, 09 de Novembro de 2016 às 17:48
“O
extermínio da juventude acontece em quase todos os países do América Latina” /
Levante Popular da Juventude
A Colômbia passa por um dos momentos mais delicados da política do país.
Depois da população rejeitar um plebiscito sobre o acordo de paz entre
movimentos guerrilheiros e governo, paira no ar o receio da retomada do
conflito armado, no qual mais de 200 mil pessoas já morreram.
Júlian Reyes, integrante da organização Congreso de los Pueblos conta
como sobrevive a juventude colombiana e quais as semelhanças com os jovens de
toda a América Latina, perpassados por outros tipos de problemas, como a crise
econômica e o golpe político no Brasil. Realista sem ser pessimista, Júlian é
taxativo em sua avaliação de que “ser jovem significa força”, e que neste caso
significa também “luta”.
Brasil de Fato MG: Qual a situação do acordo de paz
entre o Estado e as guerrilhas?
Julian Reyes: As Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Estado começaram os diálogos com a ideia
fundamental, por parte do Estado colombiano, de desmobilizar a insurgência e
manter o monopólio das armas. No entanto, é necessário entender alguns pontos.
As FARC surgiram nos anos 1960 e é uma guerrilha que começa como
autodefesa camponesa, e ao longo do tempo foi criando uma ideologia socialista.
As FARC são uma insurgência da Colômbia, mas existem outras duas mais: o
Exército de Libertação Nacional (ELN) e o Exército Popular de Libertação (EPL).
O Exército de Libertação Nacional (ELN) é uma guerrilha que surgiu
também em 1960, instalando focos insurreccionais. Sua composição era de
estudantes vindos das universidades, mas logo somaram-se os camponeses e o
movimento sindical, com uma relação direta com as reivindicações do povo.
Com
esse grupo, não há uma agenda concreta de diálogo, porque o governo colombiano,
que é da elite, não quer ceder em algumas exigências da insurreição. O ELN
argumenta que para haver diálogo com o governo tem que haver uma participação
ampla do movimento popular.
A outra insurgência é o Exército Popular de Libertação (EPL), que surgiu
também nos anos 1960, mas que na década 1990 e 2000 teve uma grave fragmentação
em suas fileiras. De um lado ficaram os que mantêm a ideologia do trabalho
popular e a defesa com as armas de seus ideais. De outro, aqueles que se
vinculam com grupos paramilitares, tendo aí uma desvirtuação da reivindicação
política, pois apoiam de maneira direta o narcotráfico. (...)
É possível enxergar características semelhantes nos
jovens da América Latina?
Durante o processo de articulação da juventude em luta, fizemos um
diagnóstico de quais são os problemas da juventude. Vimos que temos um problema
comum na América Latina: o extermínio da juventude. Na Colômbia isso envolve os
conflitos armados internos que têm colocado milhares e milhares de jovens
abaixo de balas. Mas também há uma juventude que tem sido perdida por causa das
drogas e na proposta de consumo capitalista. No Brasil, no Rio de Janeiro,
assassinam 9 jovens diariamente, que são negros, da periferia, da favela,
homossexuais. Na Argentina está acontecendo o mesmo com o “gatilho fácil”, que
é uma estratégia do Estado para eliminar os jovens. Na América Central, parece
haver uma inclinação maior à eliminação das mulheres. Elas são tratadas como
mercadorias, com a possibilidade de venda de seus corpos, de venda de mão de
obra barata.
(...)
De que forma a crise atinge a juventude
latino-americana?
Os jovens sofrem diretamente com toda a crise que está vivendo o
capital, através, por exemplo, da restrição de direitos trabalhistas. Os jovens
que estão nas fábricas terão mais horas de jornada, menos salários, menos
saúde, piores condições em geral. E a maior parte não tem acesso à educação
superior, o que significa maior submissão ao emprego que usa mão de obra
barata, que se pode comprar a qualquer valor. É isso que as multinacionais
estão fazendo na Colômbia, Equador, Bolívia e México, principalmente.
(...)
Ver matéria completa: Brasil de Fato.
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