Anistia Internacional condena abuso da força em
invasão de escola do MST
Anistia Internacional pede que o MP dos estados do Paraná, Mato Grosso
do Sul e São Paulo apure as denúncias
Leticia Constant
RFI| (SP), 05 de Novembro de 2016 às 16:52
Ontem,
dez carros de polícia da GARRA (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos)
chegaram à Escola Nacional Florestan Fernandes, um centro de formação de
estudantes do MST / Reprodução MST
Nesta sexta-feira (4), uma ação coordenada das polícias civil e militar
de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná contra integrantes do MST culminou
com a invasão de uma escola em Guararema. ONG Anistia Internacional condenou a
ação.
Na parte da manhã, dez carros de polícia da GARRA (Grupo Armado de
Repressão a Roubos e Assaltos) chegaram à Escola Nacional Florestan Fernandes,
um centro de formação de estudantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem
Terra (MST), em uma área rural de Guararema, no interior de São Paulo.
Armados com fuzis e escopetas, eles procuravam uma integrante do
movimento que suspeitavam estar escondida na escola e apresentaram um mandado
de prisão em um telefone celular, sem a presença de um oficial de justiça. Três
tiros em direção do chão causaram tumulto e pânico, duas pessoas ficaram
feridas e duas foram presas por desacato à autoridade. Havia 260 estudantes na
escola no momento da ação.
O que é a Operação Castra, lançada contra 14
membros do MST?
A Operação Castra, nos estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do
Sul, lançou mandados de prisão contra 14 integrantes do movimento. Eles são
acusados de participar de uma organização criminosa investigada por furto e
dano qualificado, roubo, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere
privado e porte de arma ilegal, entre outros crimes. A ocupação da Fazenda dona
Hilda, em Quedas do Iguaçu, em março deste ano, desencadeou a ofensiva. O dono
das terras denunciou o desaparecimento de cerca de 1.500 cabeças de gado e as
investigações concluíram que uma parte do rebanho teria sido vendida por
membros do MST.
"O MST não é bandido", diz membro da direção nacional
"Eles estão sendo acusados de formação de quadrilha e organização
criminosa, ou seja, dois crimes que a Suprema Corte já disse que não podem ser
aplicados ao movimento popular. O único crime que cometeram foi fazer a invasão
do latifúndio improdutivo e a luta pela terra, nada mais do que isso", afirma
João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST.
"O que nos preocupa mais é que a polícia não tinha o mandado
judicial para entrar na escola. Eles fizeram literalmente uma invasão, com
forte armamento, extremamente truculento, e atiraram dentro da escola, criando
um pânico, uma situação generalizada", diz João Paulo.
"A nossa principal reivindicação nesse momento é que não vamos
aceitar que a polícia civil de São Paulo possa fazer uma outra ação dessa
natureza. Primeiro, o MST não é bandido, e segundo, não tem ninguém com mandado
de prisão na nossa escola", observa Rodrigues, lamentando estar vivendo
"um estado de exceção". Ele completa dizendo que a ofensiva policial
foi um erro pois a pessoa procurada não é de São Paulo, e sim do Paraná.
Ver matéria completa: Brasil de Fato.
Monarquia sem rei
por Mino Carta — publicado 31/10/2016
05h36
Só assim se explica a agressão cometida contra o
Brasil e os brasileiros. É como se a casa-grande decretasse: “O Estado sou eu”
Fabio Braga/Folhapress e Marcelo
Camargo/ABr
Dom Paulo e Martins Filho, duas
formas de interpretar a doutrina cristã. Mas Cristo está com seu cardeal
O franciscano dom Paulo Evaristo é um exemplo de
sabedoria e destemor. Na segunda 24 foi
homenageado por seus 95 anos no Teatro da Universidade Católica de São Paulo,
com participação de figuras ilustres e um público pronto ao grito de “fora Temer”. Nos tempos da ditadura, debaixo da
batina, dom Paulo vestia uma armadura. Hoje faz muita falta.
O desafio à ditadura do então cardeal arcebispo paulista é uma página histórica
que convém ler e reler. Hoje vivemos uma situação ainda pior e a respeito tenho
conversado constantemente com os meus botões, para concluir que o Estado de
exceção em que mergulhamos é algo assim como uma monarquia por direito divino,
embora sem rei.
Em lugar do soberano, uma entidade superior por obra de uma teologia
específica, dissociada de qualquer referência contemporânea, a não ser na
aplicação fervorosa do neoliberalismo, a ser entendido, na minha visão, como neoliberismo. Permito-me sustentar que o
neoliberalismo é também monárquico no sentido medieval.
Dom João VI, o rei de Portugal que jamais tomou banho, ao aportar no
Brasil nos começos do século XIX, antecipou esse desfecho ao longo de um enredo
desenrolado por mais de 200 anos. Fugia do exército napoleônico, que chegava
para difundir as ideias da Revolução Francesa e, segundo os meus botões, não
somente deu a saída do entrecho, mas também cuidou de estabelecer, quem sabe
sem se dar conta, o seu propósito central. Ou seja, manter respeitoso e
definitivo distanciamento de ideais renovadores.
Chamo esta entidade monárquica de casa-grande, a qual permanece
rigorosamente impermeável a veleidades progressistas. E acaba de dizer, em tom
de edito: “O Estado sou eu”. Houve a notável tentativa do governo Lula, e agora
soçobra. O golpe de 1964 entrega o Brasil à ditadura.
O golpe de 2016 entrega-o a uma espécie de monarquia. Não há outra forma
de perceber a prepotência, a arrogância, a desfaçatez de um poder que tudo se
permite, impunemente, diante de um povo resignado, conforme manda a regra da
senzala.
O que mais há de inquietar dom Paulo nesta moldura em que a tragédia
sobrepuja a farsa? A agressão das reformas do governo a serviço da casa-grande
contra o próprio ser humano, no individual e no coletivo.
Contra o trabalhador, contra os estudantes e seus mestres, contra os
desvalidos em geral. É tudo o que contraria e ofende a doutrina cristã da
igualdade, na contramão do pensamento do papa, um jesuíta chamado Francisco.
Mas seria Cristo um comunista?
Ver matéria completa: Carta Capital.
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