terça-feira, 22 de novembro de 2016

CRISE ECONÔMICA

 Servidores do Rio prometem greve geral para barrar "pacote de maldades" de Pezão.

Segundo comissão de trabalhadores, caso proposta de ajuste não seja suspensa, será promovida uma greve geral no estado
Mariana Pitasse
Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ), 22 de Novembro de 2016 às 18:00
Servidores protestaram nos arredores do Palácio Tiradentes, no centro do Rio / Tânia Rêgo/Agência Brasil

Mais uma vez, os servidores públicos do estado do Rio de Janeiro se reuniram em frente à Assembléia Legislativa (Alerj), no centro da cidade, para protestar contra as medidas anunciadas pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) nas últimas semanas. Enquanto aproximadamente duas mil pessoas se manifestavam nos arredores do Palácio Tiradentes, uma comissão formada por servidores, aposentados  e pensionistas apresentou as propostas do grupo para a crise do estado ao presidente da Câmara dos Deputados, Jorge Picciani (PMDB).
A comissão, formada por representantes de mais de 23 categorias, pediu a suspensão integral do pacote de ajuste fiscal apresentado por Pezão. Após a reunião, foi anunciado um novo encontro com Picciani, além de mais um protesto em frente à Alerj, na próxima terça-feira (29). Segundo membros da comissão de servidores, caso a reivindicação não seja aceita, será promovida uma greve geral no estado.
“Hoje temos servidores e aposentados passando fome e sem dinheiro para comprar seus remédios. Exigir que a nossa contribuição aumente não vai melhorar a crise do estado. Isso só vai acontecer se essa corja que ocupa o governo sair. Então, vamos seguir em luta”, afirmou José Martins, servidor da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).

Além do ajuste fiscal, chamado de “pacote de maldades”, que está em fase de apreciação pelos deputados estaduais, o governo do estado também dividiu em sete parcelas o salário dos servidores referente ao mês outubro, sendo que a última delas será paga somente em dezembro. As três primeiras parcelas pagas até agora não superam R$ 1 mil, o que está causando sérios prejuízos aos servidores, aposentados e pensionistas do estado.
Ver matéria completa no Brasil de Fato.

CONTRADIÇÃO
Governo não pratica o teto
Michel Temer quer aprovar limite de gastos durante 20 anos, mas abre a torneira em 2016

         
Mordomia. Mendonça Filho abriu licitação para comprar lanches nos voos que ele fizer pela FAB
PUBLICADO EM 21/11/16 - 03h00
LUCAS RAGAZZI
Apesar de defender que a única saída para a crise econômica do país seja um planejamento de austeridade e de corte de gastos, o governo de Michel Temer (PMDB) tem adotado medidas que contradizem o discurso de contenção de despesas públicas.

O aumento dos valores despendidos em publicidade, compras luxuosas, reajustes salariais a servidores e criação de novos cargos comissionados contrasta com o que é pregado pelo Palácio do Planalto.

Segundo estudo da Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, as despesas feitas pelo governo federal neste ano serão quase 14% maiores do que os gastos feitos em 2015. No ano passado, os gastos do governo ficaram em R$ 1,05 trilhão. Neste ano, a previsão é que alcancem R$ 1,2 trilhão. A diferença representa aproximadamente R$ 150 bilhões a mais nos gastos pela gestão de Temer.

Buscando uma aprovação e uma confiança maior, a União também ampliou os gastos com publicidade, que, só no primeiro semestre, aumentaram 56% em comparação ao mesmo período de 2015. As despesas na área pularam de R$ 366,5 milhões para R$ 572 milhões.

Para Hélio Berni, economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), o governo não pode se esquecer dos motivos que o levaram a propor a PEC do Teto dos Gastos. “Se o objetivo é controlar o gasto público, não faz sentido aprovar e promover esses aumentos. Para ter apoio, o governo precisa dar demonstrações de austeridade própria. O mercado não vê isso com bons olhos”, conta o economista.

Berni argumenta que o aumento desenfreado de despesas em um período de crise também prejudica a relação com investidores. “Mesmo que este tipo de gasto não tenha a relevância que a PEC propõe, a atitude gera desconfiança nos investidores, em quem pensa em colocar dinheiro no país e gerar emprego”, diz.

A onda de aumentos nos gastos também atinge despesas secundárias. Na semana passada, o Ministério da Educação, por exemplo, divulgou um edital de licitação em que propunha gastar até R$ 198 mil por ano com as refeições do ministro Mendonça Filho (DEM) e de sua equipe enquanto faziam viagens nos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

A crise econômica também não impediu que representantes do governo no Congresso apoiassem reajustes para categorias. No final de outubro, o bloco governista votou pelo aumento salarial nas carreiras do Judiciário. O impacto deste tipo de aumento pode levar ao acréscimo de gastos públicos de até R$ 2 bilhões.

Para o cientista político Paulo Roberto Figueira Leal, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o aumento nos gastos seria uma “prova” de que a PEC é, na verdade, ideológica, e não uma proposta real pensando no país: “Essa proposta é inteiramente dedicada ao mercado financeiro. Nossos gastos com saúde e educação, por exemplo, são muito menores do que com o pagamento da dívida. A PEC não está preocupada em controlar gastos, e sim em garantir os pagamentos da dívida”.

A própria administração federal não tem dado demonstrações de austeridade no trato com o dinheiro público. Nos últimos quatro meses, os gastos com o cartão corporativo do governo – que totalizam R$ 24 milhões – já superaram o valor total usado no primeiro semestre, de R$ 22 milhões. (...)


Ver matéria completa no jornal O Tempo.

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