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Ana Júlia
participou de audiência que discutiu a PEC do teto de gastos.
Para ela, defensores da proposta ficarão 'com as mãos sujas' por 20 anos.
Para ela, defensores da proposta ficarão 'com as mãos sujas' por 20 anos.
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Gustavo
GarciaDo G1, em
Brasília 31/10/2016 10h57 - Atualizado em 31/10/2016 20h13
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A estudante Ana Júlia Ribeiro
concedeu entrevistas e tirou selfies ao participar de audiência pública na
Comissão de Direitos Humanos do Senado (Foto: Gustavo Garcia / G1)
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Comparada na web à ativista paquistanesa Malala Yousafzai, ela tirou
selfies, fez fotos com parlamentares da oposição e foi intensamente aplaudida (...)
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Ver matéria
completa: G1 noticias.
"O que mais custa
aceitar é a participação do Judiciário no golpe".
por Miguel
Martins — publicado 02/11/2016 00h02, última
modificação 02/11/2016 11h54
O sociólogo português Boaventura Santos faz uma
radiografia da crise política brasileira e pede à esquerda nativa para abrir
mão das diferenças
Gustavo Lopes Pereira
"O sistema judicial deve uma
resposta à sociedade brasileira", diz Boaventura
Desatados os laços coloniais, a
proximidade entre Brasil e Portugal se estende para além das velhas rotas do
Atlântico. Nas antigas colônia e metrópole, as trajetórias republicanas são navegadas
sob tempestades que carregam ensinamentos para as duas costas do oceano.
A onda neoliberal que atinge hoje o Brasil
por meio do governo de Michel Temer chegou como um tsunami em 2011 às terras
lusitanas. Passos Coelho, então primeiro-ministro, tentou
aprofundar as políticas de ajuste estrutural exigidas pelo Fundo Monetário Internacional, o Banco Central
Europeu e a Comissão Europeia, mas o ímpeto dos retrocessos
perdeu força diante da resistência unificada do campo progressista em Portugal.
Baseado nessa
análise, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos espera
comportamento semelhante das esquerdas brasileiras para reagir ao que chama de
“golpe constitucional-judicial” e a retrocessos defendidos pelo atual governo.
Em passagem pelo Brasil para o lançamento do livro “A difícil democracia”,
publicado pela editora Boi tempo, o sociólogo mostra estar atento aos movimentos
do governo Temer. Em entrevista a Carta Capital, faz uma radiografia da crise política
brasileira, chama o congelamento de investimentos públicos por 20 anos de
“escândalo constitucional e político” e releva sua indignação com a
seletividade da Justiça. "O que mais custa aceitar é a participação
agressiva do sistema judiciário na concretização do golpe."
CartaCapital: O senhor analisa no início de "A
difícil democracia" o período entre 2011 e 2013, marcados pelos movimentos
Occupy nos Estados Unidos, Indignados no sul da Europa, Primavera Árabe na
Tunísia e no Egito e os protestos de junho de 2013 no Brasil. Três anos depois,
o senhor aponta um desencanto nas esquerdas. A que o senhor atribui esse
desencanto?
Boaventura de Sousa Santos: As situações foram muito diversas, nem todas permitiram uma clara
distinção entre esquerda e direita, e em cada uma atuaram fatores específicos
que condicionaram os resultados. Temos de distinguir entre os países que tinham
uma democracia minimamente credível e os que a não tinham. Nestes últimos, a
luta era pela democracia. Só a Tunísia teve algum êxito. Nos outros, a luta era
por uma democracia real, ou seja, pela maior distribuição da riqueza e pelo fim
da corrupção no sistema político.
Apesar da radicalidade dos discursos,
os objetivos, quando existiam, não iam além da renovação do sistema político e
do reforço da social democracia. Na Espanha houve alguma renovação política
através da emergência de um partido de tipo novo, o Podemos, e de muitas
associações políticas autônomas que hoje condicionam a vida política
regionalmente. No Brasil, a ambiguidade política dos protestos era
inicialmente detectável apenas no twitter. O governo não foi capaz de ler esta
ambiguidade e de apoiar as demandas e forças de esquerda.
CC: A ascensão conservadora explica esse
desencanto?
Muitas das irrupções democráticas dos
últimos trinta anos ocorreram em períodos de reforço do neoliberalismo, ou
seja, da versão mais antissocial do capitalismo. Foi assim nas transições da
ditadura para a democracia dos anos 80 e nos protestos de 2011, depois de a
crise financeira de 2008 ter aumentado o poder global do capital financeiro que
a tinha provocado e “resolvido” a seu favor. Enquanto a luta pela democracia
fortalecia as forças de esquerda, a aceitação da ortodoxia neoliberal favorecia
as forças de direita. Com o tempo, a direita, muito imaginativamente, soube
controlar a pulsão democrática a seu favor, usando para isso vários
estratagemas. No Brasil, por exemplo, seduziu a esquerda durante treze anos
para extorquir as maiores vantagens num período de crescimento e de governos
progressistas no continente. Quando achou adequado, desferiu-lhe o golpe
constitucional-judicial que, se não a deixou morta, a deixou desmaiada.
Ver matéria na íntegra: Carta Capital.
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