quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Marcha dos Atletas denuncia violação do direito ao esporte no Rio de Janeiro

Ato destacou que valores que envolvem a prática esportiva foram violados na preparação para as olimpíadas
Gilka Resende e Thiago Mendes, do Coletivo de Comunicação da Jornada de Lutas Rio 2016 - Os Jogos da Exclusão
Rio de Janeiro (RJ), 03 de Agosto de 2016.

Eneida Freire e dois jovens atletas que não têm onde treinar na “cidade olímpica”. / Rosilene Miliotti / FASE
Entre os que se abrigavam da chuva em uma marquise no Centro do Rio de Janeiro, estava Eneida Freire, mulher que dedica sua vida, desde os 14 anos, ao atletismo. Ela, assim como as cerca de 50 pessoas que participaram da Marcha dos Atletas pelo Direito ao Esporte e à Cidade, na noite dessa terça-feira (2), estavam encharcados. Nem por isso deixaram de caminhar do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), no Largo de São Francisco, costurando ruas até chegarem às escadarias da Câmara dos Vereadores, na Cinelândia, no Centro do Rio. Questionada sobre o que a cidade tem de olímpica, Eneida é direta: “Nada! Atletas 
levaram 10 anos para conseguir índices olímpicos. Mas não foram premiados, foram punidos. Conheço pelo menos cinco que tinham condição de estar nos jogos porque foram obrigados a deixaram de onde treinar”, conta Eneida sem conter o choro.

Com apitos e faixas, os manifestantes da atividade, que integra a Jornada de Lutas Rio 2016 — Os Jogos da Exclusão, chamaram atenção para violações de direitos com gritos como “não vai ter tocha” e “olimpíada”, denunciando a “privatização da cidade” e o o fato de “equipamentos públicos esportivos estarem fechados ou sucateados”. O estádio a que Eneida se refere, por exemplo, não funciona desde a Copa das Confederações, em 2013. Por lá, passavam cerca de 800 pessoas todos os dias, entre crianças de programas sociais, atletas olímpicos, paralímpicos e amadores, que dividiam em oito raias. Somente Edneida treinava cerca de 80 crianças. “Ele era o único equipamento social e público e, nesse momento, poderia ajudar nas olimpíadas. Mas estamos na rua. Sem o Estádio, as equipes internacionais estão treinando em outros estados, como São Paulo e Minas Gerais”, relata ela, que diz se sentir uma “atleta sem-teto”.
“Esses meninos amam o atletismo. Sabe qual é o sonho deles? É o mesmo da maioria dos atletas no Brasil. Serem atletas olímpicos! Mas essa situação de abandono do esporte prejudica. O estádio era a primeira ou mesmo a última porta de entrada para muitas crianças. Agora, elas têm apenas praças e parques para treinarem, onde faltam até banheiros. É mais complicado treinar na rua. Você lança um dardo e ele fica preso na árvore. Certa vez um peso foi arremessado e entrou num buraco com lama, nunca mais saiu de lá”, detalha a educadora, que já foi campeã brasileira de pentatlo, modalidade desportiva composta por cinco provas, no próprio Célio de Barros.
Ver matéria na íntegra: Brasil de Fato.


Em artigo publicado na terça (2), a revista americana "Time" fala sobre o “esquecido legado” da escravidão que obscurece a Olimpíada. O texto conta como mais de 2 milhões de negros trazidos da África como escravos desembarcaram no Rio de Janeiro 
e como a cidade, que teve um dos maiores portos de movimentação de escravos no mundo, foi influenciada por isso.

O artigo faz ainda uma conexão com a violência policial aos negros, ao lembrar que em 1809 foi formada a Divisão Militar da Guarda da Polícia Real, uma percussora da atual Polícia Militar, e que era famosa pelos espancamentos públicos de escravos. 

Ele também lembra que a primeira favela carioca, no Morro da Previdência, surgiu em 1897 com a concentração de uma comunidade de ex-escravos e veteranos de uma recente guerra civil, todos muito pobres para se estabelecerem longe do porto e mais perto do centro. Também naquela região, na Pedra do Sal, aos pés de uma rocha de onde escravos descarregavam sal, teria origem a variante carioca do samba. 

A revista fala ainda sobre a divisão que se manteve mesmo após o fim da escravidão e sobre os temores de que obras de regeneração da região poderiam descaracterizar a herança cultural dos negros.

Além disso, destaca que em 2014 o dono de um hotel no Rio de Janeiro foi acusado de manter funcionários em “condições análogas à escravidão”, o que cita como um caso típico na luta do Brasil contra a escravidão moderna.                                     Brasil de Fato

Excluir religiões africanas de festa olímpica é manifestação mundial de racismo


Para Cida Abreu, ativista do movimento negro, exclusão das religiões de matriz africana do centro ecumênico da Vila Olímpica reforça a intolerância religiosa.

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