quinta-feira, 4 de agosto de 2016

“Legado das Olimpíadas para o povo pobre é sangue”, diz mãe que perdeu filho.


Johnatha de Oliveira Lima, de 19 anos, foi assassinado por PMs da UPP com um tiro nas costas em 2014.
Victor Labaki -Revista Fórum, 02 de Agosto de 2016 .Desde 2009, ano em que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, aproximadamente 2.600 pessoas foram assassinadas por agentes do estado. / Reprodução/Facebook
Se na Grécia Antiga as Olimpíadas eram uma ocasião em que todas as guerras eram suspensas e os inimigos toleravam uns aos outros em nome de uma chamada “trégua olímpica”, no Brasil a desejada paz e tranquilidade do Rio de Janeiro, cidade escolhida para ser o palco das competições, foi feita com assassinatos em massa e violações de direitos contra a população pobre da periferia.
Desde 2009, ano em que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede dos Jogos Olímpicos, aproximadamente 2.600 pessoas foram assassinadas por agentes do estado. A estimativa foi feita pela Anistia Internacional com base em números do Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (ISP).
“Apesar da promessa de legado de uma cidade segura para sediar os Jogos Olímpicos, as mortes decorrentes de operações policiais tem crescido progressivamente nos últimos anos no Rio. E também assistimos, durante a repressão aos protestos, pessoas gravemente feridas por balas de borracha, bombas de efeito moral e até mesmo armas de fogo usadas pelas forças policiais”, afirmou Atila Roque, Diretor Executivo da Anistia Internacional Brasil, em abril deste ano.
Ver matéria completa : Brasil de Fato.
"Assalto" de Gisele Bündchen na abertura das Olimpíadas expõe “a paz dos túmulos”
Após   críticas nas redes sociais, encenação foi excluída da abertura dos Jogos
Juliana Gonçalves
São Paulo (SP), 03 de Agosto de 2016 .


 Imagem de ato realizado em maio deste ano no Rio, em protesto pelo assassinato de 5 jovens mortos pela Polícia Militar com 111 tiros de fuzil / André Miguez/Mídia Coletiva
Ao som da música “Garota de Ipanema”, Gisele Bündchen desfila pelas ruas cariocas quando é abordada por uma criança que tenta assaltá-la. Prontamente, policiais surgem para defendê-la. Gisele se coloca, porém, entre a polícia e o suposto assaltante e todos se abraçam e dançam no final.  A proposta dessa cena que faria parte da abertura dos Jogos Olímpicos seria passar uma mensagem de paz. Mas a serviço de quem estaria essa paz?
Na prosa do escritor pernambucano Marcelino Freire, há um texto que versa sobre a paz como uma farsa. “A paz não resolve nada. A paz fica bonita na televisão. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. E prefeito. E senador. E até jogador… A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue”, sentenciou ele.

Para o pesquisador, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC/MG (Nesp) Robson Sávio, o discurso da paz muitas vezes é usado para criar uma cortina de fumaça e camuflar a seletividade da violência que ocorre hoje no Rio de Janeiro. “A cidade do Rio de Janeiro é a síntese dos dramas de uma sociedade desigual e repleta de injustiças ratificadas inclusive pela justiça criminal”, conta.
Sávio avalia que trazer uma criança nesse papel revela uma clara tentativa de criminalizar a infância, em especial a pobre, negra e periférica. ”O discurso da paz é da paz dos túmulos. Assim, não se explicita as graves violências praticadas no país, inclusive pelo Estado”, afirma Sávio.
Pouco se falou sobre a cor do menino que interpretava o assaltante, mas diversos veículos da imprensa o tacharam de “pivete”. 
Ver matéria completa : Brasil de Fato.

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