Presidente afastada prestou depoimento ao Senado nesta segunda (29).
Contrário ao impeachment, compositor acompanhou sessão com Lula.
Filipe Matoso, Laís Lis, Gustavo
Garcia e Fernanda Calgaro Do G1, em
Brasília
Lula toma café enquanto conversa com
Dilma, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e com o cantor Chico Buarque
(Foto: Jane de Araújo/Agência Senado) Do G1, em Brasília
Almoço
Mais cedo, no intervalo da sessão, a presidente
afastada usou uma sala do gabinete do presidente da Casa, Renan Calheiros
(PMDB-AL), para almoçar na companhia de Lula,
Chico e de ex-ministros de seu governo que também foram ao Congresso assistir
ao depoimento.
O mesmo recinto também está sendo utilizado nesta
segunda como local de apoio ao grupo que apoia a presidente afastada.
A presidente
afastada Dilma Rousseff e a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) citaram nesta
segunda-feira (29) no Senado, durante o interrogatório no processo de
impeachment, versos das músicas "Apesar de você" e "Vai
passar", do cantor e compositor Chico Buarque, que estava presente na
galeria. Ele foi ao Senado como um dos convidados de Dilma.
Chico acompanhou o discurso de Dilma da galeria do
Senado, uma espécie de mezanino do plenário, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do
presidente do PT, Rui
Falcão.
"Eu acredito que estamos aqui todos para
evitar, conforme disse o poeta, que nosso povo hoje não olhe de lado nem fale
para o chão. Por isso uma homenagem ao grande músico aqui presente", disse
a presidente durante o depoimento, em referência à canção "Apesar de
você". Do G1, em Brasília
Senado faz julgamento final do impeachment de Dilma.
Sessão começou na
quinta-feira (25); presidente afastada fala em sua defesa e responde questões
de senadores. Do G1, em Brasília
Dilma Rousseff- Foto: EFE - Portal de noticias Terra;
Dilma Rousseff- Foto: EFE - Portal de noticias Terra;
Partes finais do discurso de Dilma aos
senadores:
Emoção
Em um momento emocionado de seu discurso, Dilma disse que já esteve perto da morte por duas vezes: quando foi presa, na ditadura militar, e quando tratou um câncer, em 2010. Ela disse que, agora, não teme a própria morte, mas a morte da democracia.
"Por duas vezes, vi de perto a face da morte:
quando fui torturada por dias seguidos, submetida aos que nos faziam duvidar da
humanidade e do sentido da vida, e quando uma doença grave e extremamente
dolorosa poderia ter abreviado minha existência. Hoje, só temo a morte da
democracia, pela qual muitos de nós aqui neste plenário lutamos com o melhor
dos nossos esforços", afirmou Dilma.
'Ruptura democrática'
A presidente afastada reafirmou que não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade pelos quais é acusada e disse que o país corre o risco de uma "ruptura democrática".
Depois de fazer referência aos ex-presidentes Getúlio
Vargas, Juscelino Kubtscheck e João Goulart, alvos de tentativas de retirada do
poder, disse que a "ruptura democrática" se dá agora sob pretextos
constitucionais "embasados por uma frágil retórica jurídica".
"O que está em jogo no processo de impeachment não
é o meu mandato", afirmou. Segundo ela, "o que está em jogo são as
conquistas dos últimos 13 anos", e listou iniciativas do governo dela, como
valorização do salário mínimo, programas de médicos e de casa própria.
Eduardo Cunha
Dilma fez críticas à atuação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de um processo de cassação na Casa. Para ela, o processo de impeachment é resultado de uma "chantagem" de Cunha, que, segundo ela, agiu em retaliação depois que o processo de cassação foi aberto no Conselho de Ética da Câmara.
Todos sabem que este
processo de impeachment foi aberto por chantagem explícita do ex-presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (...). Exigia aquele parlamentar que intercedesse para
que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de
cassação. Nunca aceitei na minha vida ameaça ou chantagem."
Dilma Rousseff
"Todos sabem que este processo de impeachment foi
aberto por chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como
chegou a reconhecer em declaração à imprensa um dos próprios denunciantes.
Exigia aquele parlamentar que intercedesse para que deputados do meu partido
não votassem pela abertura do seu processo de cassação. Nunca aceitei na minha
vida ameaça ou chantagem. Se não o fiz antes, não o faria na condição de
presidenta."
Segundo ela, na gestão de Cunha, além de a Câmara não
ter dado apoio a medidas para combate à crise econômica, ainda apresentou
"pautas-bomba" que aumentavam os gastos do governo.
"Deve ser ressaltado que a busca de equilíbrio
fiscal desde 2015 encontrou forte resistência na Câmara, à época presidida pelo
deputado Eduardo Cunha. Os projetos enviados foram rejeitados parcial ou
integralmente. Pautas-bombas foram apresentadas e algumas aprovadas, afirmou.
Corrupção
Dilma afirmou no discurso que seu governo contrariou interesses ao apoiar investigações contra a corrupção. Segundo ela, essa atitude gerou reação daqueles que queriam "evitar a continuidade da sangria de setores da classe política brasileira".
Dilma afirmou no discurso que seu governo contrariou interesses ao apoiar investigações contra a corrupção. Segundo ela, essa atitude gerou reação daqueles que queriam "evitar a continuidade da sangria de setores da classe política brasileira".
"Assegurei
a autonomia do Ministério Público, nomeando como procurador-geral da República
o primeiro nome da lista indicado pelos próprios membros da instituição. Não
permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal.
Contrariei, com essa minha postura, muitos interesses. Por isso, paguei e pago
um elevado preço pessoal pela postura que tive", afirmou.
Para
ela, os setores contrariados com o seu governo e aqueles que queriam se
proteger das investigações encontraram em Eduardo Cunha “o vértice da aliança
golpista”.
·
Faço um apelo final a
todos os senadores. Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a
crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais
cometeu qualquer ato ilegal."
Dilma Rousseff
Apelo
No final de sua fala, Dilma disse que não nutriria ressentimento por senadores que votassem pelo impeachment, mas pediu a eles que votassem pela democracia.
"Votem sem ressentimento. o que cada senador sente
por mim importa menos do que aquilo que todos nos sentimos pelo povo
brasileiro. Peço votem contra o impeachment, votem pela democracia",
declarou.
"Faço um apelo final a todos os senadores. Não
aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço
que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato
ilegal na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu”, concluiu Dilma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário