segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Dilma e senadora citam versos de Chico Buarque no interrogatório.

Presidente afastada prestou depoimento ao Senado nesta segunda (29).

Contrário ao impeachment, compositor acompanhou sessão com Lula.
Filipe Matoso, Laís Lis, Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília
Lula toma café enquanto conversa com Dilma, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e com o cantor Chico Buarque (Foto: Jane de Araújo/Agência Senado) Do G1, em Brasília

Almoço

Mais cedo, no intervalo da sessão, a presidente afastada usou uma sala do gabinete do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para almoçar na companhia de Lula, Chico e de ex-ministros de seu governo que também foram ao Congresso assistir ao depoimento.
O mesmo recinto também está sendo utilizado nesta segunda como local de apoio ao grupo que apoia a presidente afastada.
 A presidente afastada Dilma Rousseff e a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) citaram nesta segunda-feira (29) no Senado, durante o interrogatório no processo de impeachment, versos das músicas "Apesar de você" e "Vai passar", do cantor e compositor Chico Buarque, que estava presente na galeria. Ele foi ao Senado como um dos convidados de Dilma.
Chico acompanhou o discurso de Dilma da galeria do Senado, uma espécie de mezanino do plenário, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do PTRui Falcão.

"Eu acredito que estamos aqui todos para evitar, conforme disse o poeta, que nosso povo hoje não olhe de lado nem fale para o chão. Por isso uma homenagem ao grande músico aqui presente", disse a presidente durante o depoimento, em referência à canção "Apesar de você".Do G1, em Brasília

Senado faz julgamento final do impeachment de Dilma.

Sessão começou na quinta-feira (25); presidente afastada fala em sua defesa e responde questões de senadores.Do G1, em Brasília

Dilma Rousseff- Foto: EFE - Portal de noticias Terra;

Partes  finais  do discurso de Dilma aos senadores:

Emoção

Em um momento emocionado de seu discurso, Dilma disse que já esteve perto da morte por duas vezes: quando foi presa, na ditadura militar, e quando tratou um câncer, em 2010. Ela disse que, agora, não teme a própria morte, mas a morte da democracia.
"Por duas vezes, vi de perto a face da morte: quando fui torturada por dias seguidos, submetida aos que nos faziam duvidar da humanidade e do sentido da vida, e quando uma doença grave e extremamente dolorosa poderia ter abreviado minha existência. Hoje, só temo a morte da democracia, pela qual muitos de nós aqui neste plenário lutamos com o melhor dos nossos esforços", afirmou Dilma.

'Ruptura democrática'

A presidente afastada reafirmou que não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade pelos quais é acusada e disse que o país corre o risco de uma "ruptura democrática".
Depois de fazer referência aos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubtscheck e João Goulart, alvos de tentativas de retirada do poder, disse que a "ruptura democrática" se dá agora sob pretextos constitucionais "embasados por uma frágil retórica jurídica".
"O que está em jogo no processo de impeachment não é o meu mandato", afirmou. Segundo ela, "o que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos", e listou iniciativas do governo dela, como valorização do salário mínimo, programas de médicos e de casa própria.
Eduardo Cunha

Dilma fez críticas à atuação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de um processo de cassação na Casa. Para ela, o processo de impeachment é resultado de uma "chantagem" de Cunha, que, segundo ela, agiu em retaliação depois que o processo de cassação foi aberto no Conselho de Ética da Câmara.

Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (...). Exigia aquele parlamentar que intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação. Nunca aceitei na minha vida ameaça ou chantagem."
Dilma Rousseff
"Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como chegou a reconhecer em declaração à imprensa um dos próprios denunciantes. Exigia aquele parlamentar que intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação. Nunca aceitei na minha vida ameaça ou chantagem. Se não o fiz antes, não o faria na condição de presidenta."
Segundo ela, na gestão de Cunha, além de a Câmara não ter dado apoio a medidas para combate à crise econômica, ainda apresentou "pautas-bomba" que aumentavam os gastos do governo.
"Deve ser ressaltado que a busca de equilíbrio fiscal desde 2015 encontrou forte resistência na Câmara, à época presidida pelo deputado Eduardo Cunha. Os projetos enviados foram rejeitados parcial ou integralmente. Pautas-bombas foram apresentadas e algumas aprovadas, afirmou.

Corrupção
Dilma afirmou no discurso que seu governo contrariou interesses ao apoiar investigações contra a corrupção. Segundo ela, essa atitude gerou reação daqueles que queriam "evitar a continuidade da sangria de setores da classe política brasileira".
"Assegurei a autonomia do Ministério Público, nomeando como procurador-geral da República o primeiro nome da lista indicado pelos próprios membros da instituição. Não permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal. Contrariei, com essa minha postura, muitos interesses. Por isso, paguei e pago um elevado preço pessoal pela postura que tive", afirmou.
Para ela, os setores contrariados com o seu governo e aqueles que queriam se proteger das investigações encontraram em Eduardo Cunha “o vértice da aliança golpista”.
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Faço um apelo final a todos os senadores. Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato ilegal."
Dilma Rousseff
Apelo

No final de sua fala, Dilma disse que não nutriria ressentimento por senadores que votassem pelo impeachment, mas pediu a eles que votassem pela democracia.
"Votem sem ressentimento. o que cada senador sente por mim importa menos do que aquilo que todos nos sentimos pelo povo brasileiro. Peço votem contra o impeachment, votem pela democracia", declarou.
"Faço um apelo final a todos os senadores. Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato ilegal na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu”, concluiu Dilma.

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