quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Observadores alemães criticam processo de impeachment


 Especialistas apontam base jurídica da acusação como frágil e dizem que mecanismo de destituição está sendo usado de forma "abusiva"

30 AGO2016
15h00-  atualizado às 16h58 - Deutsche Welle

O processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, que deve se encerrar nesta quarta-feira (31/08), põe fim a um capítulo da política brasileira que teve seu início oficial há cerca de nove meses.
Desde que, em 2 de dezembro, o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) aceitou o pedido para destituir a presidente, o processo é alvo de debate. Dilma responde pela publicação de decretos sem o aval do Congresso e pelas chamadas "peladas fiscais", base do pedido de impeachment.
Observadores alemães ouvidos pela DW se mostraram bastantes críticos com relação ao processo de impeachment.

Foto: EFE
Observadores alemães ouvidos pela DW se mostraram bastantes críticos com relação ao processo de impeachment. A opinião geral é que o mecanismo de destituição está sendo usado de forma "abusiva" e que há lacunas no julgamento.
"Da forma que o processo está sendo conduzido, está se configurando um abuso do mecanismo de impeachment. Vários pareceres demonstraram que não houve crime de responsabilidade da presidente. Outros presidentes já fizeram uso das pedaladas fiscais. A única diferença é a envergadura, que foi maior sob Dilma", afirma Kai Michael Kenkel, pesquisador associado do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), em Hamburgo.
Para Thomaz Manz, diretor da Fundação Friedrich Ebert no Brasil, ligada ao Partido Social-Democrata (SPD) da Alemanha, o processo à primeira vista está seguindo o caminho das instituições. O problema, segundo ele, é que os deputados e senadores não estão realmente interessados na acusação, mas apenas em se ver livres de Dilma.
"No papel, o processo está sendo conduzido conforme o esperado, seguindo os trâmites. O problema é o tema central, que é provar o crime de responsabilidade. Da forma como as coisas estão andando, o processo não passa de um pretexto para canalizar uma ação puramente política de adversários da presidente - e não para provar se Dilma cometeu de fato um crime", opina. "O impeachment é um mecanismo legítimo em uma democracia, mas usá-lo dessa forma é um abuso."
ver matéria completa : Portal Terra de noticias.
Documentos analisados pela Agência Pública mostram que eles infringiram a legislação mas tiveram as contas aprovadas.
Étore Medeiros
Agência Pública, 30 de Agosto de 2016 às 15:33
Geraldo Alckmin (PSDB), em seu segundo mandato seguido como governador de São Paulo, pedalou com recursos do Metrô / Foto: Du Amorim/A2

A adoção de malabarismos contábeis em que se baseou o pedido de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, não é exclusividade do governo federal. A Agência Pública analisou pareceres prévios dos Tribunais de Contas dos estados (TCEs), votos de alguns de seus conselheiros e manifestações dos Ministérios Públicos de Contas (MPCs) de 20 unidades da Federação, entre 2013 e 2014, e concluiu que, na interpretação geral do conceito, pelo menos 17 governos teriam praticado pedaladas fiscais.

Por não se tratar de um termo técnico, é difícil cravar o que é ou não uma pedalada fiscal. De forma geral, as pedaladas são “mecanismos utilizados pelo governo para maquiar as contas públicas” – como definiu o conselheiro substituto do Tribunal de Contas do Ceará, Paulo César de Souza, na declaração de voto sobre as contas estaduais de 2014. Nos documentos examinados pela Pública foram encontrados três tipos desses mecanismos: a abertura de créditos adicionais de forma irregular, a maquiagem da meta fiscal e o cancelamento de empenhos liquidados.
Segundo análises de MPCs, de auditorias técnicas dos TCEs e de manifestações de conselheiros dos tribunais, foram detectados problemas na abertura de créditos adicionais na contabilidade de nove governadores: Rosalba Ciarlini (DEM-RN), Roseana Sarney (PMDB-MA), Ricardo Coutinho (PSB-PB), Tarso Genro (PT-RS), Beto Richa (PSDB-PR), Siqueira Campos (PSDB-TP), Sandoval Cardoso (SD-TO), Sergio Cabral (PMDB-RJ), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Antonio Anastasia (PSDB-MG), Alberto Pinto Coelho (PP-MG), e Silval Barbosa (PMDB-MT). Em alguns casos, pela ausência de autorização legislativa – o que foi apontado como pedalada no caso da presidente, que agiu sem autorização prévia do Congresso; em outros, pela inexistência de um limite para os créditos adicionais.
 A segunda pedalada consiste na violação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) através da maquiagem das contas públicas para forjar o cumprimento das metas fiscais do governo ou através da aprovação irregular de Leis Orçamentárias Anuais (LOAs). Assim como Dilma, acusada de omitir o passivo da contabilidade oficial, teriam incorrido nesta prática os governadores Cid Gomes (PDT-CE), Marconi Perillo (PSDB-GO), Sergio Cabral (PMDB-RJ), Silval Barbosa (PMDB-MT) e Antonio Anastasia (PSDB-MG).
O “cancelamento de empenhos liquidados”, um termo complicado para explicar o popular “calote”, também é uma forma de pedalar. O procedimento consiste em retirar das contas públicas o registro de despesas sobre serviços já efetuados ou produtos já entregues, sem pagar prestadores e fornecedores. Uma infração ao artigo 42 da LRF, que proíbe a prática para evitar, em ano eleitoral, que resultados artificiais na contabilidade gerem um rombo para os sucessores. Teriam cancelado empenhos já liquidados os governadores Eduardo Campos (PSB-PE), Raimundo Colombo (PSD-SC), Alberto Pinto Coelho (PP) e Renato Casagrande (PSB-ES). 
O atraso de repasses a bancos públicos responsáveis por pagamentos de programas sociais, como o Bolsa Família, ou de linhas de financiamento, como o Plano Safra, é apontado como a pedalada mais grave do governo Dilma. As instituições financeiras teriam amargado meses de “pendura”, o que configuraria um empréstimo – e como tal, ilegal. Mas, embora não envolvam bancos estatais, manobras semelhantes teriam sido praticadas por Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Agnelo Queiroz (PT-DF).
Ao contrário de Dilma, porém, que em 2015 teve suas contas rejeitadas por unanimidade pelo Tribunal de Contas da União (TCU), as cortes estaduais foram bem menos rigorosas no julgamento dos governadores. Nenhum deles teve a contabilidade reprovada, apesar de manifestações neste sentido por parte de alguns conselheiros solitários e dos Ministérios Públicos de Contas.
Ver matéria na íntegra: Brasil de Fato.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

El País: discurso"duro e emocionante"

Veículos internacionais falam de 'última batalha' de Dilma Rousseff e da probabilidade de impeachment da presidenta
Redação
Opera Mundi, 30 de Agosto de 2016 às 15:18
Discurso de presidente Dilma foi repercutido por diversos veículos internacionais / Agência Efe

Jornais internacionais repercutiram o discurso da presidente Dilma Rousseff perante o Senado brasileiro nesta segunda-feira (29). O espanhol El País classificou a fala da mandatária como “dura e emocionante”. Dilma foi ao Senado para se defender das acusações de crime de responsabilidade que visam destitui-la de seu cargo.

Em artigo, o El País disse que, em discurso “duro e emocionante”, Dilma “apelou aos sentimentos, à sua história política, ao seu caráter e à sua trajetória para deixar claro de que está sendo expulsa [da Presidência] injustamente”.
“Ela sabe. Sabe que só um milagre a salvará [do impeachment], sabe que tudo está perdido. Ou quase. Por isso, apesar desta interpelação, Rousseff não dirigiu seu discurso só aos senadores, mas ao país inteiro, aos livros de história, ao seu próprio retrato e à sua própria biografia, consciente da dimensão do momento, da importância do discurso”, escreveu o autor do texto, Antonio Jiménez Barca. (...)
Ver matéria completa no Brasil de Fato

Vice de Janot é exonerada após vir à tona que participou de ato 'fora, Temer'
Vídeo mostrou Ela Wiecko em protesto contra Temer em junho em Portugal.
Procuradora de carreira, Ela permanecerá na PGR mesmo com afastamento.

Mariana Oliveira e Fabiano CostaDa TV Globo e do G1, em Brasília  30/08/2016 17h40 - Atualizado em 30/08/2016 18h28
A subprocuradora da República Ela Wiecko (à esq, segurando a faixa, de óculos escuros) participa em Portugal de ato de protesto ao governo Temer (Foto: Reprodução / TVT).

Ver matéria completa  G1 Brasília

Senadores pedem investigação de testemunhas de acusação a Dilma.

Grupo acusa procurador e auditor do TCU de atuarem para incriminar Dilma.
Júlio Marcelo e Antônio D'Ávila depuseram no Senado na quinta (25).
Mateus Rodrigues Filipe Matoso - Do G1, em Brasília



Senadores que apoiam a presidente afastada Dilma Rousseff enviaram ao Ministério Público Federal,  nesta terça-feira (30), pedido de investigação contra as duas testemunhas de acusação ouvidas no julgamento final do Impeachment. Segundo o grupo, o procurador do Tribunal de Contas da União (TCU) Júlio Marcelo de Oliveira e o auditor Antônio Carlos Costa D'Ávila atuaram "de má-fé" para incriminar a presidente. 
O anúncio das representações foi feito pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PT-PE). Segundo Randolfe, as representações contra os procuradores movidas nesta terça são assinadas por senadores de PT, PCdoB, PDT e Rede Sustentabilidade.


O senador disse ainda que uma representação contra ambos foi enviada à Procuradoria-Geral da República (PGR), ligada ao Ministério Público Federal. Outro pedido de investigação contra Júlio Marcelo foi enviado ao Conselho Nacional do Ministério Público.
Nos documentos, afirmou o parlamentar, é alegado que Júlio Marcelo e Antonio Costa D'Ávila "não cumpriram com os deveres" e, por isso, devem ser investigados por "prevaricação, falso testemunho, deslealdade às instituições, violação do dever de parcialidade e dos deveres funcionais".

"Os senadores que subscrevem as representações compreendem que, no curso do julgamento [de Dilma], os procedimentos do senhor Júlio Marcelo de Oliveira e do senhor Antônio Costa D'Ávila não cumpriram com os deveres do testemunho leal ao processo e de cumprimento com as atribuições funcionais", disse o senador.
Segundo Rodrigues, a expectativa do grupo é que os dois sejam punidos com a perda da função pública, em razão de um suposto falso testemunho. Eles também vão solicitar que os dois depoimentos sejam anulados.

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Manifestantes contrários ao impeachment protestam na Paulista.

Ato favorável a Dilma Rousseff era acompanhado pela PM.
Pista sentido Consolação estava bloqueada na altura do Masp.
Do G1 São Paulo - 30/08/2016 19h17 - Atualizado em 30/08/2016 19h33

Protesto contra o impeachment na Avenida Paulista (Foto: Roney Domingos/G1)

Manifestantes contrários ao impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) protestavam na Avenida Paulista, em São Paulo, na noite desta terça-feira (30). O ato era acompanhado de perto pela Polícia Militar.

Às 19h15, os manifestantes se sentaram na via, em frente ao Masp. A pista sentido Consolação estava totalmente bloqueada. A via que leva ao bairro do Paraíso estava liberada.
Protesto contra o impeachment na Avenida Paulista, em frente ao Masp (Foto: Roney Domingos/G1)

30/08/2016 18h51 - Atualizado em 30/08/2016 19h27

TRANCAMENTOS
Contra o golpe, MTST fecha vias nas cidades de São Paulo, Fortaleza e Porto Alegre
Atos denunciam o governo interino de Michel Temer; para manifestantes somente o povo poderá decidir os rumos do país.
José Eduardo Bernardes
São Paulo (SP), 30 de Agosto de 2016 às 12:21
MTST afirma, em nota, que “os trabalhadores e os programas sociais, conquistados com muita luta, estão seriamente ameaçados pelo governo ilegítimo de Michel Temer" / José Eduardo Bernardes/ Brasil de Fato.

Na manhã desta terça-feira (30), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) organizou uma série de mobilizações em importantes vias das cidades de São Paulo (SP), Fortaleza (CE) e Porto Alegre (RS) contra o governo interino de Michel Temer. 
Em São Paulo, as manifestações fecharam as Marginais Pinheiros e Tietê, a Ponte Eusébio Matoso, a Avenida Jacú Pêssego, a Radial Leste e a Rodovia Regis Bittencourt. Durante o ato na Marginal Pinheiros, quatro manifestantes foram presos. Segundo informações do movimento, três deles foram levados ao 13º DP, e o outro ao 1º DP.
“Nós travamos aqui hoje contra esse governo ilegítimo de Michel Temer e pela nossa moradia”, disse Guilherme Boulos, coordenador nacional do movimento, reiterando que os atos desta terça-feira não tinham o objetivo de "ter confronto com a polícia". 
Na Radial-Leste, na altura da Arena Corinthians, cerca de 150 pessoas fecharam a via sentido o centro. O coordenador do MTST na Zona Leste, Zelídio Barbosa, destacou que o movimento saiu às ruas “para deixar claro para esse governo corrupto e ilegítimo, que não vai ser do jeito que eles acham que vai ser”. “Quem decide é o povo”, afirmou.
Em Porto Alegre o ato do movimento sem-teto fechou a BR-290 (free way). Já em Fortaleza, os manifestantes interditaram a Rodovia CE-020. 
Em nota, a coordenação Nacional do MTST, afirmou que “os trabalhadores e os programas sociais, conquistados com muita luta, estão seriamente ameaçados pelo governo ilegítimo de Michel Temer. As contratações de moradia do programa Minha Casa Minha Vida permanecem suspensas”.
“Não aceitamos o golpe, nem contra a democracia nem contra nossos direitos. Não reconhecemos no Senado a legitimidade para decidir os destinos do país. A resistência seguirá nas ruas”, concluiu a nota.
Edição: Simone Freire –Brasil de Fato.
Detidos em protesto do MTST em SP são liberados e indiciados por danos.

Quatro detidos vão responder por resistência e dano ao patrimônio público.

Grupo fechou vias em manifestação contra impeachment de Dilma Rousseff.
Do G1 São Paulo*
Protesto interdita Marginal Pinheiros (Foto: Reprodução/TV Globo)


Marginal Pinheiros  está parcialmente bloqueada na altura da Ponte Transamérica por um protesto na manhã desta terça-feira (30) (Foto: Reprodução/TV Globo)

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Manifestações em frente ao Congresso Nacional.

 Intervenções no trânsito congestionam Brasília
29 AGO2016- 1059h

Alterações definidas em razão do julgamento no Senado do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff  deixam o trânsito complicado na capital federal desde o início da manhã de hoje (29).

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Foto: EFE -Portal Terra de Noticias.
Manifestações
A Polícia Militar do Distrito Federal disse que cerca de 350 manifestantes contra o impeachment se concentram neste momento em frente ao Congresso Nacional.
Integrantes dos movimentos Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo devem deixar o acampamento no Ginásio Nilson Nelson rumo ao Congresso Nacional a partir das 16h. Às 18h terá início um "ato político em defesa da democracia e contra o golpe".

Até o momento, não há registro de manifestantes a favor do impeachment no gramado da Esplanada dos Ministérios.
Em Brasília, o grupo se reuniu em frente ao Congresso Nacional para acompanhar a sessão de julgamento do impeachment.-G1 noticias.Manifestantes contrários ao impeachment reunidos em frente ao Congresso Nacional (Foto: Beatriz Pataro/G1)
Segundo a Polícia Militar, cerca de 350 manifestantes contra o impeachment estiveram no local por volta das 9h, horário em que ela chegou ao Senado. De acordo com os organizadores, eram cerca de 2 mil pessoas. Os apoiadores de Dilma levaram rosas e faixas em apoio à petista. Em algumas das faixas, estava escrito "Mulheres pela Democracia" e "Luto por Justiça".
No fim da tarde, manifestantes marcharam da Torre de TV até a Esplanada dos Ministérios. Durante o trajeto, três faixas da via S1 do Eixo Monumental  (sentido Congresso Nacional) foram fechadas. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 1,5 mil pessoas participaram da caminhada. Os organizadores dizem que são 5 mil manifestantes. G1 noticias. 

Rio de Janeiro
Manifestantes se reuniram no fim da tarde desta segunda na Praça da Candelária, no Centro do Rio.
Ato contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff teve início na Praça da Candelária, no Centro do Rio (Foto: Nicolás Satriano / G1)


Por volta das 19h10, lideranças da Frente Brasil Popular afirmavam no carro de som que o ato contava com cerca de 10 mil pessoas. A Polícia Militar não divulgou estimativa do número de participantes.

Rio Grande do Norte

Grupo fez um ato em frente ao IFRN, no bairro do Tirol, em Natal. Segundo a organização, mil pessoas participavam do ato às 18h50
Ato em defesa de Dilma Rousseff acontece nesta segunda (29), em Natal (Foto: Michelle Rincon/Inter TV Cabugi)

Santa Catarina

Manifestantes de várias frentes e movimentos fizeram na noite desta segunda um protesto pelas ruas de Florianópolis. O ato contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff pede a saída do presidente interino Michel Temer e pede "nenhum direito a menos".
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 Manifestantes protestam na noite desta segunda (29) em Florianópolis (Foto: Ato Acorda amor/Divulgação)

Em SP, Polícia Militar reprime com violência manifestantes contra o golpe

Muitos feridos e um detido após policiais impedirem de ato pacífico contra impeachment seguir pela Avenida Paulista
São Paulo (SP), 
Militante do MTST é atingido por estilhaço de bomba em ato / José Eduardo Bernardes / Brasil de Fato
A Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM) reprimiu arbitrária e violentamente a manifestação contra o impeachment de Dilma Rousseff na Avenida Paulista, em São Paulo, nesta segunda-feira (29), data que marca a última etapa do processo contra a presidente afastada.
Convocado pelas frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, o ato reunia cerca de 3 mil pessoas, dentre eles idosos e mulheres com crianças de colo, quando a PM atirou bombas de gás lacrimogêneo no meio da multidão.
Um pouco antes das 19h,  os manifestantes se aproximavam pacificamente da cerca de 150 metros da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A tropa de Choque impediu o ato de seguir e bloqueou a passagem, com a justificativa de que grupos pró-impeachment estariam no local e de a instituição que não havia sido informada do trajeto. Para evitar conflito, o comandante da operação justificou a repressão.
"Isso é um sinal de que, consumado o golpe amanhã ou depois, virá um processo duro de repressão aos movimentos sociais, inclusive colocando em risco nosso direito de se manifestar, garantido na Constituição. É uma violência o que eles estão fazendo", afirmou o coordenador da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim.
Segundo ele, o papel exercido na noite desta quarta-feira foi o de "proteger a proteger a Fiesp, onde tem meia dúzia de golpistas".
A professora licenciada Ana Catarina de Lima sofreu uma tentativa de agressão por um grupo pró-impeachment que estava acampados em frente à Fiesp. “Eles queriam tacar o galão [de água] em mim, e o pessoal que estava na rua veio me defender”, disse.
Desrespeito
A PM também agrediu jornalistas que cobriam a manifestação. Mesmo após ser informado que estava trabalhando e mostrar seu crachá, um policial apertou o spray de pimenta contra o rosto da repórter do Brasil de Fato e replicou: "Foda-se".
Mais cedo, na concentração ato sair, a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto Natalia Szermeta afirmou que, nesta segunda, escrevia-se mais um capítulo triste da história brasileira, marcado por um golpe institucional. No entanto, também seria lembrado que o processo não foi aceito sem luta e sem resistência.  
"Hoje é um dia importante para ocupar as ruas e  demonstrar a insatisfação de trabalhadores sobre o que está acontecendo no país hoje. O governo Temer não tem legitimidade, porque ele não foi eleito e usurpou o poder através de um golpe", disse a dirigente.
Além de São Paulo, atos contra o golpe ocorreram em outras capitais do país, como Brasília (DF) e Rio de Janeiro (RJ).
Edição: Camila Rodrigues da Silva

Dilma e senadora citam versos de Chico Buarque no interrogatório.

Presidente afastada prestou depoimento ao Senado nesta segunda (29).

Contrário ao impeachment, compositor acompanhou sessão com Lula.
Filipe Matoso, Laís Lis, Gustavo Garcia e Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília
Lula toma café enquanto conversa com Dilma, com o presidente do Senado, Renan Calheiros, e com o cantor Chico Buarque (Foto: Jane de Araújo/Agência Senado) Do G1, em Brasília

Almoço

Mais cedo, no intervalo da sessão, a presidente afastada usou uma sala do gabinete do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para almoçar na companhia de Lula, Chico e de ex-ministros de seu governo que também foram ao Congresso assistir ao depoimento.
O mesmo recinto também está sendo utilizado nesta segunda como local de apoio ao grupo que apoia a presidente afastada.
 A presidente afastada Dilma Rousseff e a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) citaram nesta segunda-feira (29) no Senado, durante o interrogatório no processo de impeachment, versos das músicas "Apesar de você" e "Vai passar", do cantor e compositor Chico Buarque, que estava presente na galeria. Ele foi ao Senado como um dos convidados de Dilma.
Chico acompanhou o discurso de Dilma da galeria do Senado, uma espécie de mezanino do plenário, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente do PTRui Falcão.

"Eu acredito que estamos aqui todos para evitar, conforme disse o poeta, que nosso povo hoje não olhe de lado nem fale para o chão. Por isso uma homenagem ao grande músico aqui presente", disse a presidente durante o depoimento, em referência à canção "Apesar de você".Do G1, em Brasília

Senado faz julgamento final do impeachment de Dilma.

Sessão começou na quinta-feira (25); presidente afastada fala em sua defesa e responde questões de senadores.Do G1, em Brasília

Dilma Rousseff- Foto: EFE - Portal de noticias Terra;

Partes  finais  do discurso de Dilma aos senadores:

Emoção

Em um momento emocionado de seu discurso, Dilma disse que já esteve perto da morte por duas vezes: quando foi presa, na ditadura militar, e quando tratou um câncer, em 2010. Ela disse que, agora, não teme a própria morte, mas a morte da democracia.
"Por duas vezes, vi de perto a face da morte: quando fui torturada por dias seguidos, submetida aos que nos faziam duvidar da humanidade e do sentido da vida, e quando uma doença grave e extremamente dolorosa poderia ter abreviado minha existência. Hoje, só temo a morte da democracia, pela qual muitos de nós aqui neste plenário lutamos com o melhor dos nossos esforços", afirmou Dilma.

'Ruptura democrática'

A presidente afastada reafirmou que não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade pelos quais é acusada e disse que o país corre o risco de uma "ruptura democrática".
Depois de fazer referência aos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubtscheck e João Goulart, alvos de tentativas de retirada do poder, disse que a "ruptura democrática" se dá agora sob pretextos constitucionais "embasados por uma frágil retórica jurídica".
"O que está em jogo no processo de impeachment não é o meu mandato", afirmou. Segundo ela, "o que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos", e listou iniciativas do governo dela, como valorização do salário mínimo, programas de médicos e de casa própria.
Eduardo Cunha

Dilma fez críticas à atuação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de um processo de cassação na Casa. Para ela, o processo de impeachment é resultado de uma "chantagem" de Cunha, que, segundo ela, agiu em retaliação depois que o processo de cassação foi aberto no Conselho de Ética da Câmara.

Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (...). Exigia aquele parlamentar que intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação. Nunca aceitei na minha vida ameaça ou chantagem."
Dilma Rousseff
"Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como chegou a reconhecer em declaração à imprensa um dos próprios denunciantes. Exigia aquele parlamentar que intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação. Nunca aceitei na minha vida ameaça ou chantagem. Se não o fiz antes, não o faria na condição de presidenta."
Segundo ela, na gestão de Cunha, além de a Câmara não ter dado apoio a medidas para combate à crise econômica, ainda apresentou "pautas-bomba" que aumentavam os gastos do governo.
"Deve ser ressaltado que a busca de equilíbrio fiscal desde 2015 encontrou forte resistência na Câmara, à época presidida pelo deputado Eduardo Cunha. Os projetos enviados foram rejeitados parcial ou integralmente. Pautas-bombas foram apresentadas e algumas aprovadas, afirmou.

Corrupção
Dilma afirmou no discurso que seu governo contrariou interesses ao apoiar investigações contra a corrupção. Segundo ela, essa atitude gerou reação daqueles que queriam "evitar a continuidade da sangria de setores da classe política brasileira".
"Assegurei a autonomia do Ministério Público, nomeando como procurador-geral da República o primeiro nome da lista indicado pelos próprios membros da instituição. Não permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal. Contrariei, com essa minha postura, muitos interesses. Por isso, paguei e pago um elevado preço pessoal pela postura que tive", afirmou.
Para ela, os setores contrariados com o seu governo e aqueles que queriam se proteger das investigações encontraram em Eduardo Cunha “o vértice da aliança golpista”.
·          
Faço um apelo final a todos os senadores. Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato ilegal."
Dilma Rousseff
Apelo

No final de sua fala, Dilma disse que não nutriria ressentimento por senadores que votassem pelo impeachment, mas pediu a eles que votassem pela democracia.
"Votem sem ressentimento. o que cada senador sente por mim importa menos do que aquilo que todos nos sentimos pelo povo brasileiro. Peço votem contra o impeachment, votem pela democracia", declarou.
"Faço um apelo final a todos os senadores. Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato ilegal na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu”, concluiu Dilma.