quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Sonegação de impostos é sete vezes maior que a corrupção

por Carlos Drummond — publicado 30/03/2015 03h40, última modificação 02/04/2015 15h08.


Deixa-se de recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País, ao passo que o custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a 67 bilhões anuais.

Ilustração: Ana Beatriz Pádua
No País que é vice em sonegação, só a corrupção interessa
Nenhum assunto rivaliza com as notícias sobre corrupção na cobertura e no destaque dados pela mídia, um sinal da importância devidamente atribuída ao problema pelos cidadãos. Males de proporções maiores, porém, continuam na sombra. A sonegação de impostos, por exemplo, tem sete vezes o tamanho da corrupção, mas recebe atenção mínima da sociedade e do noticiário.
Deixa-se de recolher 500 bilhões de reais por ano aos cofres públicos no País, calcula o presidente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, Heráclio Camargo. O custo anual médio da corrupção no Brasil, em valores de 2013, corresponde a 67 bilhões anuais, informa José Ricardo Roriz Coelho, diretor-titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, com base em cálculos recentes.
Para alertar a sociedade da importância de se combater a sonegação, Camargo, inaugurou na quarta-feira 18, em Brasília, um sonegômetro e uma instalação denominada lavanderia Brasil. Na inauguração, o medidor mostrava um total sonegado de 105 bilhões desde janeiro, dos quais 80 bilhões escoados por meio de operações de lavagem ou manipulação de recursos de origem ilegal para retornarem à economia formal com aparência lícita.
Em um exemplo citado pelo Sindicato, um comerciante simula a compra de 50 milhões de litros de combustível, adquire só 10 milhões de litros físicos e obtém, mediante pagamento, notas fiscais falsas no valor de 40 milhões. Ele negociou de fato só  aqueles 10 milhões, mas trouxe para a economia formal os 40 milhões de origem ilícita por meio desse mecanismo de lavagem, sem recolher os impostos devidos. Tanto a parcela superfaturada, os recursos de propinas, tráfico de drogas, de armas e de pessoas, contrabando, falsificações, corrupção e renda sonegada precisam retornar à economia com aparência de origem lícita, para as atividades criminosas prosseguirem.
A livre atuação no Brasil das empresas off shores, ou registradas em paraísos fiscais, agrava a sonegação. Há laços fortes do País com esses redutos de burla dos fiscos dos estados nacionais, na prática nossos grandes parceiros comerciais. A principal razão é o tratamento preferencial dado ao capital externo, subtaxado quando da sua remessa de lucros ao exterior, afirma-se no site Tax Justice Network.
“Todos os países que não taxam ganhos de capital, ou o fazem com base em alíquota inferior a 20% são considerados paraísos fiscais no Brasil. Ironicamente, esse país tem diversas situações de ganhos de capital taxados em menos de 20%.” Não é bem assim, explica a Receita Federal. “A definição de paraíso fiscal na legislação brasileira não leva em conta apenas a tributação de ganhos de capital, mas sim a tributação da renda. A tributação da renda das pessoas físicas é de 27,5% e das pessoas jurídicas é de 25% de imposto de renda, mais 9% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.” Mas a taxação de ganhos de capital, “em regra de 15%”, é baixa em termos mundiais e o trânsito do dinheiro é facilitado pela parceria comercial com os paraísos fiscais.

Pessoas físicas recorrem também aos paraísos fiscais para não pagar impostos sobre os seus ganhos, lícitos ou não. No caso das 8.667 contas de brasileiros descobertas no HSBC da Suíça (4.º maior número de correntistas no mundo), Camargo vê “com certeza indícios de conexão com paraíso fiscal, porque essas contas eram secretas, só vazaram porque um ex-funcionário do HSBC divulgou a sua existência. Há indícios a serem investigados pelas autoridades brasileiras, de evasão de divisas e crime de sonegação fiscal.”(...)
Transcrito da Carta Capital


Diário Oficial publica lei de renegociação das dívidas dos estados.

Lei foi sancionada com vetos e deixou de fora os maiores devedores.
 
Délis OrtizBrasília   Edição do dia 29/12/2016
29/12/2016 14h09 - Atualizado em 29/12/2016 14:00hs


O Diário Oficial publicou, nessa quinta-feira (29), a lei de renegociação das dívidas dos estados com a União.  

O Rio Grande do Sul madrugou pedindo ajuda. Missão para o secretário de Fazenda do estado, Giovani Feltes, que foi a Brasília apelar à equipe econômica: “Verificar se existe alguma possibilidade a ser construída de forma conjunta entre o Rio Grande do Sul e a equipe econômica, Tesouro Nacional, Fazenda e, quem sabe, outros estados, no sentido de que possa ter um  certo conforto nesses primeiros meses do ano de 2017, diante dessa dificuldade que a gente tá vivendo”.

Além do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro estão com graves dificuldades financeiras e foram atingidos em cheio pelo veto presidencial. Michel Temer manteve a parte que autoriza o alongamento da dívida dos estados pelo prazo de 20 anos, com desconto, garantido o teto para os gastos públicos.

Mas a parte do projeto, que tratava da recuperação fiscal dos estados, desfigurada pela Câmara, foi vetada. Era essa que mais interessava aos estados atolados em crise. O texto previa carência de três anos para a retomada dos pagamentos das parcelas da dívida.

O governo afirma que trabalha em busca de solução, um novo projeto exigindo ajustes fiscais dos estados: como enxugamento  da folha de salários, aumento de alíquota da Previdência, corte de gastos. Só assim daria a carência de três anos, mas também está em estudo uma ajuda mais mediata.

“Nós estamos estudando aqui se existe alguma possibilidade de fazer uma ajuda emergencial. Temos um estudo intenso em andamento. Até agora ainda não temos a condição de dizer especificamente como fazer uma ajuda sem o plano de recuperação fiscal” afirma Henrique Meirelles, ministro da Fazenda.

Os prefeitos também estão de pires na mão em Brasília. É que essa quinta-feira (29) é o último dia útil para os bancos e as prefeituras aguardam ansiosamente o depósito de uma fatia da repatriação, regularização de dinheiro não declarado, depositado no exterior.

 G1 Notícias.

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