PM do Rio usou sacadas da Igreja São José como trincheira para alvejar
servidores públicos com bala de borracha.
Fania Rodrigues
Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) , 07 de Dezembro de 2016
Em meio ao protesto contra o "pacote de maldades" do
governo Luiz Fernando Pezão (PMDB) uma imagem chamou a atenção.
Policiais militares estavam dentro da Igreja São José, no Centro do Rio,
posicionados nas janelas, atirando contra manifestantes que protestavam em
frente à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A cena, ocorrida na última
terça-feira (6), chocou tanto pela violência da Polícia Militar (PM)
contra a população quanto pelo lugar onde se encontravam os atiradores. A
igreja virou trincheira militar para os policiais.
“A tropa da PM invadiu a igreja pela porta dos fundos, de acesso dos
empregados e, subindo às sacadas, no 2º andar, de lá de cima jogavam bombas de
gás lacrimogênio e de efeito moral e gás de pimenta. Os manifestantes se
revoltaram e começaram a apedrejar o nosso santuário de 410 anos”, informou a
Irmandade do Glorioso Patriarca São José, através de uma nota.
O jornal Brasil de Fato ouviu a Arquidiocese do Rio de
Janeiro, mas também outros religiosos, como o monge beneditino, Marcelo Barros,
escritor e teólogo, assim como o historiador André Leonardo Chevitarese,
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um dos mais
respeitados pesquisadores em religião. O objetivo é entender o que representa a
ação da PM.
Segundo o monge Marcelo Barros, a última vez que uma igreja foi invadida
por forças de segurança do Estado aconteceu em 1968, em Salvador. “Isso ocorreu
quando um grupo de jovens manifestantes se refugiou dentro do Mosteiro de São
Bento, correndo da repressão, e os policiais invadiram o local na intenção de
atirar ou capturar os jovens que protestavam contra o regime”, afirma
o teólogo.
(..)
Violência extrema
O forte aparato militar usado pela PM para reprimir o ato
impressionou os trabalhadores. “Usaram cavalaria, motos de diversos tipos,
carros do choque com homens na caçamba atirando, pelo menos um caveirão
(blindado), muitas bombas de gás lacrimogêneo, de gás de pimenta, de efeito
moral, com fragmentos que queimam a pele, inclusive fui queimado levemente no
braço”, contou o integrante da Mídia Ninja entrevistado pelo Brasil
de Fato. O professor Leon Diniz diz que também ficou impressionado com
o grau de violência da PM. “O grau de violência que vimos ontem só se
iguala às repressões de 2013”, afirma o professor.
Edição: Vivian
Virissimo
Ver matéria completa no Brasil de Fato.
PM pede desculpas a Arquidiocese do Rio por invasão
da Igreja São José
A
reunião aconteceu no Palácio São Joaquim, residência oficial do arcebispo do
Rio de Janeiro. .
Por Cristina Boeckel, G1 Rio
07/12/2016
Dom Orani
se reuniu com o bispo auxiliar do Rio, o provedor da Igreja do Glorioso
Patriarca São José e o Cel. Wolney Dias (Foto: Arquidiocese do Rio/ Divulgação)
Participaram da reunião o arcebispo do Rio, cardeal
Dom Orani Tempesta;o bispo auxiliar do Rio, Dom Luiz Henrique o provedor da
irmandade da Igreja do Glorioso Patriarca São José, Gary Bon-Ali, e o
comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Cel. Wolney Dias. A
reunião aconteceu no Palácio São Joaquim, residência oficial do arcebispo do
Rio de Janeiro.
As desculpas foram aceitas pelo arcebispo do Rio,
que reiterou que o templo não deveria ter sido usado em uma atividade fora de
suas funções.
“O comandante Wolney chegou aqui para dizer da sua
dor em relação ao que aconteceu ontem e lamentando que a polícia militar vai
fazer uma nota reconhecendo que não devia ter acontecido essa presença na
Igreja, a utilizando para atacar os manifestantes e, ao mesmo tempo, fazer
parte de um protocolo para que isso não aconteça mais", explicou Dom Orani
Tempesta.
G1 noticias/RJ
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