Meteorologistas explicam
Temperaturas
aumentaram em muitas cidades do país e foram atípicas na terça-feira (27).
Por G1
27/12/2016 18h51 Atualizado 27/12/2016
19h11
Fim de tarde na zona sul do Rio de Janeiro na
segunda-feira (26) (Foto: José Raphael Berrêdo/G1).
"A meteorologista Josélia
Pegorim, do Climatempo, explica que desde o fim da semana passada ganhou força
no país o sistema de alta pressão atmosférica conhecido como ASAS (Alta Pressão Subtropical do Atlântico
Sul), que funciona como um bloqueio
para frentes frias e contribui para o aumento das temperaturas. “Esse sistema
reduz a nebulosidade, a umidade e a chance de se formarem nuvens de chuva. A
consequência natural é o aumento do calor”.
Já o calor “excepcional”
desta terça se deve à combinação de uma série de fatores, explica a
especialista. “Além do sol forte, houve a presença de ventos quentes o dia
inteiro, que vieram do interior do país em direção ao litoral”.
Outro causador do calor
extremo é o chamado aquecimento
adiabático, um processo físico em que os ventos que descem as montanhas
recebem um aquecimento adicional.
A meteorologista diz que, no
geral, esse calor é esperado nesta época do ano, e que um dos fatores que fazem
subir as temperaturas é a atuação de um anticiclone, que inibe a formação de
nuvens de chuva e colabora para o calor.
Verão deve ser menos quente
Para quem está cansado das altas temperaturas, uma frente fria deve
trazer algum alívio entre quarta e quinta-feira desta semana. Mas, como ela é
fraca e vai passar longe do continente, a diminuição do calor deve ser ligeira,
de poucos graus.
Mas isso não vale para todo o
verão. A previsão para a estação como um todo é de predomínio de temporais e
temperaturas mais amenas em relação aos anos anteriores.
Segundo o Climatempo, a maior
parte das chuvas se concentrará em janeiro e fevereiro e o verão terá o
predomínio do fenômeno La Niña, que mudará o cenário em comparação com o verão
anterior, quando choveu mais no Sul e fez muito calor em todo o Brasil."
Ver matéria completa :G1 Notícias.
Eliana Calmon apimentou o vatapá
A
ex-corregedora da Justiça não leva a sério colaboração da Odebrecht que esquece
o Judiciário
28/12/2016 - 10h05
Elio Gaspari, O Globo
“ Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal
de Justiça, é uma chef diletante. Seu livro “Receitas especiais” está na décima
edição. Ela diz que faz seus pratos por instinto, mas não foi o instinto que a
levou a jogar um litro de pimenta na festejada colaboração da Odebrecht com a
Justiça. Falando ao repórter Ricardo Boechat, Eliana Calmon disse que “delação
da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação”. De fato, no grande vatapá
da empreiteira não entrou juiz: “É impossível levar a sério essa delação caso
não mencione um magistrado sequer”.
Sua incredulidade expõe uma impossibilidade
estatística. A Odebrecht se lembrou de tudo. Listou o presidente Michel Temer e
Lula, nove ministros e ex-ministros, 12 senadores e ex-senadores, quatro
governadores e ex-governadores, 24 parlamentares, três servidores, dois
vereadores e um empresário, todos ligados ao Executivo e ao Legislativo ou à
política. Do Judiciário, nada.
Eliana Calmon, como a Odebrecht, é baiana. Como
corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça, ela foi uma ferrabrás. Antes
do surgimento da Lava-Jato, a ministra prendeu empreiteiros, brigou com colegas
e denunciou a rede de filhos de ministros de tribunais superiores que advogam
em Brasília. Aposentou-se, em 2014 concorreu ao Senado pelo PSB da Bahia e foi
derrotada. (Durante a campanha, ela e o partido informaram que receberam
doações legais da Odebrecht, da Andrade e da OAS.)
Entre 2011 e 2015, a Odebrecht esteve na maior
disputa societária em curso no país. Nela enfrentaram-se as famílias de
Norberto Odebrecht, o fundador do grupo, e de Vitor Gradin, seu amigo e sócio,
com 21% de participação no grupo. Quando Norberto e Vitor se associaram,
estipularam no acordo de acionistas que, havendo conflitos, eles deveriam ser
decididos por arbitragens. No comando da empreiteira, Marcelo Odebrecht decidiu
reorganizar a empresa afastando a família Gradin, oferecendo-lhe R$ 1,5 bilhão
por sua parte. O sócio achava que ela valia pelo menos o dobro.
Os Gradin foram à Justiça pedindo arbitragem, uma
juíza deu-lhes razão, mas sua sentença foi anulada liminarmente por um desembargador
baiano. Quando os Gradin arguiram sua suspeição, ele declarou-se vítima de
“gratuita ofensa” e declarou-se suspeito “por motivo de foro íntimo”.
O litígio se arrastou, e, em plena Lava-Jato, em
dezembro de 2015, o STJ deu razão aos Gradin. Em pelo menos um episódio a
Odebrecht mobilizou (inutilmente) sua artilharia extrajudicial.
Se nenhum executivo da Odebrecht falou do
Judiciário, pode ter sido porque nada lhe perguntaram. Existiriam motivos
funcionais para que não fossem feitas perguntas nessa direção. Vazamentos
astuciosos, como o de um suposto depoimento envolvendo o ministro José Antonio
Toffoli, dão a impressão de que, mesmo não havendo referências ruidosas, existe
algum arquivo paralelo, sigiloso e intimidatório.
A declaração de Eliana a Boechat apimentou o
vatapá. O corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha,
estaria disposto a abrir uma investigação nas contas da campanha da ex-colega.
(Ambos estranharam-se quando conviviam no tribunal.)
Essa briga será boa, e a vitória será da
arquibancada.”
Elio Gaspari, O Globo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário