quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Por que tem feito tanto calor no Brasil nos últimos dias?

 Meteorologistas explicam
Temperaturas aumentaram em muitas cidades do país e foram atípicas na  terça-feira (27).

Por G1
27/12/2016 18h51  Atualizado 27/12/2016 19h11
Fim de tarde na zona sul do Rio de Janeiro na segunda-feira (26) (Foto: José Raphael Berrêdo/G1).

"A meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo, explica que desde o fim da semana passada ganhou força no país o sistema de alta pressão atmosférica conhecido como ASAS (Alta Pressão Subtropical do Atlântico Sul), que funciona como um bloqueio para frentes frias e contribui para o aumento das temperaturas. “Esse sistema reduz a nebulosidade, a umidade e a chance de se formarem nuvens de chuva. A consequência natural é o aumento do calor”.

Já o calor “excepcional” desta terça se deve à combinação de uma série de fatores, explica a especialista. “Além do sol forte, houve a presença de ventos quentes o dia inteiro, que vieram do interior do país em direção ao litoral”.

Outro causador do calor extremo é o chamado aquecimento adiabático, um processo físico em que os ventos que descem as montanhas recebem um aquecimento adicional.

A meteorologista diz que, no geral, esse calor é esperado nesta época do ano, e que um dos fatores que fazem subir as temperaturas é a atuação de um anticiclone, que inibe a formação de nuvens de chuva e colabora para o calor.

Verão deve ser menos quente

Para quem está cansado das  altas temperaturas, uma frente fria deve trazer algum alívio entre quarta e quinta-feira desta semana. Mas, como ela é fraca e vai passar longe do continente, a diminuição do calor deve ser ligeira, de poucos graus.  

Mas isso não vale para todo o verão. A previsão para a estação como um todo é de predomínio de temporais e temperaturas mais amenas em relação aos anos anteriores.

Segundo o Climatempo, a maior parte das chuvas se concentrará em janeiro e fevereiro e o verão terá o predomínio do fenômeno La Niña, que mudará o cenário em comparação com o verão anterior, quando choveu mais no Sul e fez muito calor em todo o Brasil."


Ver matéria completa :G1 Notícias.


Eliana Calmon apimentou o vatapá
A ex-corregedora da Justiça não leva a sério colaboração da Odebrecht que esquece o Judiciário

28/12/2016 - 10h05
Elio Gaspari, O Globo       
“ Eliana Calmon, ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça, é uma chef diletante. Seu livro “Receitas especiais” está na décima edição. Ela diz que faz seus pratos por instinto, mas não foi o instinto que a levou a jogar um litro de pimenta na festejada colaboração da Odebrecht com a Justiça. Falando ao repórter Ricardo Boechat, Eliana Calmon disse que “delação da Odebrecht sem pegar o Judiciário não é delação”. De fato, no grande vatapá da empreiteira não entrou juiz: “É impossível levar a sério essa delação caso não mencione um magistrado sequer”.
Sua incredulidade expõe uma impossibilidade estatística. A Odebrecht se lembrou de tudo. Listou o presidente Michel Temer e Lula, nove ministros e ex-ministros, 12 senadores e ex-senadores, quatro governadores e ex-governadores, 24 parlamentares, três servidores, dois vereadores e um empresário, todos ligados ao Executivo e ao Legislativo ou à política. Do Judiciário, nada.
Eliana Calmon, como a Odebrecht, é baiana. Como corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça, ela foi uma ferrabrás. Antes do surgimento da Lava-Jato, a ministra prendeu empreiteiros, brigou com colegas e denunciou a rede de filhos de ministros de tribunais superiores que advogam em Brasília. Aposentou-se, em 2014 concorreu ao Senado pelo PSB da Bahia e foi derrotada. (Durante a campanha, ela e o partido informaram que receberam doações legais da Odebrecht, da Andrade e da OAS.)
Entre 2011 e 2015, a Odebrecht esteve na maior disputa societária em curso no país. Nela enfrentaram-se as famílias de Norberto Odebrecht, o fundador do grupo, e de Vitor Gradin, seu amigo e sócio, com 21% de participação no grupo. Quando Norberto e Vitor se associaram, estipularam no acordo de acionistas que, havendo conflitos, eles deveriam ser decididos por arbitragens. No comando da empreiteira, Marcelo Odebrecht decidiu reorganizar a empresa afastando a família Gradin, oferecendo-lhe R$ 1,5 bilhão por sua parte. O sócio achava que ela valia pelo menos o dobro.
Os Gradin foram à Justiça pedindo arbitragem, uma juíza deu-lhes razão, mas sua sentença foi anulada liminarmente por um desembargador baiano. Quando os Gradin arguiram sua suspeição, ele declarou-se vítima de “gratuita ofensa” e declarou-se suspeito “por motivo de foro íntimo”.
O litígio se arrastou, e, em plena Lava-Jato, em dezembro de 2015, o STJ deu razão aos Gradin. Em pelo menos um episódio a Odebrecht mobilizou (inutilmente) sua artilharia extrajudicial.
Se nenhum executivo da Odebrecht falou do Judiciário, pode ter sido porque nada lhe perguntaram. Existiriam motivos funcionais para que não fossem feitas perguntas nessa direção. Vazamentos astuciosos, como o de um suposto depoimento envolvendo o ministro José Antonio Toffoli, dão a impressão de que, mesmo não havendo referências ruidosas, existe algum arquivo paralelo, sigiloso e intimidatório.
A declaração de Eliana a Boechat apimentou o vatapá. O corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, estaria disposto a abrir uma investigação nas contas da campanha da ex-colega. (Ambos estranharam-se quando conviviam no tribunal.)
Essa briga será boa, e a vitória será da arquibancada.”
 Elio Gaspari, O Globo.

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