segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Fidel Castro retorna a Santiago

Ovacionado por uma multidão em seu último adeus ao povo cubano.

                                Por Gibran Mendes, com fotos de Leandro Taques
por Jornalistas Livres4 dezembro, 20167- Mídia Ninja
Milhões de cubanos reuniram-se ao longo deste sábado (3) nas ruas de 
Santiago de Cuba para dar o ultimo adeus ao líder da revolução de 1959. A carreata com os restos mortais de Fidel Castro chegaram pela carretara central, a principal rodovia do País, por volta das 12h30. Ao todo foram 900 kms percorridos desde Havana até Santiago, cidade onde descansarão as cinzas ao lado do seu mentor, José Martí.
A comitiva responsável pela segurança era formada por dois carros da policia, um furgão, duas motocicletas, um caminhão do exército e dois jipes, sendo que o último carregava o ataúde com as cinzas de Fidel. A primeira parada em Santiago foi o Parque Céspedes, local em que no dia 24 de novembro de 1958 Fidel chegou acompanhado de seu irmão Raúl, Ramiro Valdez, Armando Acosta e outros guerrilheiros em sua campanha pela liberação do País.
Um pouco antes da comitiva chegar ao parque uma leve chuva caiu por aproximadamente cinco minutos. Não era difícil ouvir o povo falando que tratava-se do céu chorando a morte do seu comandante.

Mas Fidel não foi a única referência cubana a ser saudada neste sábado no Parque. O que convencionou-se a chamar de “Os cinco”, um grupo preso pelos Estados Unidos acusados de espionagem estavam no prédio onde funciona a prefeitura da cidade. Eles foram saudados, tiraram fotos e distribuíram autógrafos para a população. “Eles foram condenados a prisão perpétua, poderiam estar lá ainda”, avaliou Rider López, de 37 anos. Mas o que eles significam exatamente para Cuba? “São líderes, heróis e exemplos de Cuba. 

Foram presos injustamente pelo império e o povo lutou junto ao seu comandante até que os liberaram. Mas não foi só isso, foram vários países que lutaram pela sua liberdade, somando a nossa luta de Cuba, até que conseguimos. Por isso representam tanto. Cuba, no final, sempre vence”, disse com sorriso na boca e também no olhar.
Após deixar o Parque Céspedes a comitiva seguiu até Moncada, onde os restos mortais foram transladados até a ida para a Praça da Revolução, onde um grande ato teve início a partir das 19 horas, mas desta vez acompanhada de delegações de diversos países. Na comitiva brasileira, destacaram-se as presenças de Lula e Dilma, sempre lembrados pelos cubanos pelas parcerias estabelecidas entre ambos os países durante as gestões dos ex-presidentes.
Ao contrário da homenagem em Havana, onde os chefes de estado foram o destaque, em Santiago lideranças locais ligadas ao governo cubano e aos movimentos sociais precederam o discurso de Raul
Castro. Na cerimônia, também mais curta do que na capital, o chefe de governo do País recordou a história da revolução, destacou as qualidades do irmão falecido e listou conquistas que a ilha alcançou nos últimos anos. “Ele nos mostrou que sim era possível derrotar os racistas sul africanos, salvando a integridade territorial de Angola e conquistando a independência de Namibia. Nos mostrou que era possível transformar Cuba em uma potência médica reduzindo a mortalidade infantil com as taxas mais baixas do terceiro mundo e depois do mundo rico”, exemplificou.
Castro reforçou que o legado de Fidel é mostrar ao povo cubano que tudo é possível para os moradores da ilha. “Ele nos mostra que sim é possível fazer e que é possível continuar fazendo, superando os obstáculos para construir o socialismo em Cuba e defender a soberania da pátria”, enfatizou em suas últimas palavras antes de encerrar o último evento aberto ao público.

 O legado de Fidel
"Esta noite milhões de crianças dormirão na rua. Nenhuma delas é cubana".

Vitor Teixeira/Brasil de Fato.
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