Perspectiva é que o 3º Encontro Mundial dos
Movimentos Populares em Diálogo com o papa ocorra em outubro de 2017.
Do Brasil de Fato
Fotos: Lidyane Ponciano/CUT Minas
Fotos: Lidyane Ponciano/CUT Minas
Carta
do Encontro Brasileiro de Movimentos Populares em Diálogo com o Papa Francisco.
04/06/2016.
Nós, Movimentos Populares e Pastorais Sociais reunidos em
Mariana, Minas Gerais, em resposta ao chamando do Papa Francisco para o diálogo
com os que lutam por “terra, teto e trabalho”, aqui viemos nos solidarizar com
as famílias atingidas pelo maior crime socioambiental provocado em 2015 pela
mineração no Brasil e alimentar nossa esperança na construção de outro mundo
possível.
Povos indígenas, quilombolas, pescadores, comunidades
tradicionais, trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, agentes das
pastorais sociais compartilhamos nossas experiências de lutas, dificuldades
numa sociedade tão desigual. Debatemos a opressão das forças do capital, a fragmentação
e criminalização dos movimentos sociais e as violências contra os pobres,
negros, mulheres, jovens e LGBTs. Aprofundamos nossa reflexão e partilha das
formas de resistência e luta, para enfrentar esses desafios.
Clamamos junto com a Mãe-Terra, que o uso intensivo de
agrotóxicos provoca a morte de nossos povos e rios. Denunciamos que a
concentração da propriedade e o estímulo ao agronegócio geram conflitos e
violências no campo e na cidade, por isso se tornam urgentes e necessárias a
Reforma Urbana e a Reforma Agrária.
Queremos o fim da especulação imobiliária. Apesar dos avanços na
política de moradia popular, a carência por moradia cresce a cada ano. O avanço
do capital nos territórios, com estímulo ao extrativismo mineral, deixa um
rastro de destruição ambiental, do qual o crime na Bacia do Rio Doce, provocado
pela Vale e BHP Billiton, por meio da Samarco, com a conivência do
Estado, é um dos exemplos mais terríveis.
Neste momento de trevas no país, o encontro brasileiro surge com
uma luz. Nos últimos anos, o modelo de desenvolvimentos adotado foi favorecido
pelo contexto internacional, possibilitou avanços e garantias de direitos
sociais, mas muito lucro para o capital. Com a crise do capitalismo
mundial iniciada em 2008, este modelo se esgotou. As forças do capital querem
garantir seus interesses, mas nosso povo vem resistindo. Tomaram o governo
federal por meio de um golpe, com apoio do Congresso Nacional e do Judiciário
brasileiro, impondo o modelo neoliberal derrotado por quatro vezes nas
urnas.
Dizemos não às privatizações propostas pelo governo interino e
golpista, não ao desemprego e à terceirização que ameaçam diretos dos
trabalhadores e trabalhadoras. No Brasil, a democracia sempre foi resultado da
organização e da luta do povo. Uma vez mais é preciso fortalecer a aliança das
classes populares. Mais do que isto, estamos desafiados a construir um novo
projeto para o país. Projeto que além de garantir terra, teto e trabalho para
todos e todas, com justiça social, esteja em sintonia com a Mãe-Terra.
Nós em
diálogo com o Papa Francisco, reafirmamos o que está na Encíclica Laudato Si’: “Não
há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e
complexa crise socioambiental. A solução requer uma abordagem integral para
combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente,
cuidar da natureza.”
BRASIL
DE FATO/ SITE DO
MST, ler matéria na íntegra.
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