Desde setembro de 2008, quando
teve seu momento mais intenso, a crise virou bode expiatório para tudo;
demissões, cortes, redução de gastos públicos, etc
Paulo Daniel
— publicado 17/02/2012 , última modificação 06/06/2015
Escreve
Monbiot, do Guardian: “A crise demonstra que o pensamento neoliberal é uma
fraude de alto a baixo”. Foto: Joel Saget/AFP
Desde setembro de 2008, quando teve seu momento mais intenso, a crise,
de repente, virou bode expiatório para tudo; demissões, cortes, redução e
aumentos de gastos públicos, redução da taxa de juros, emissões de títulos etc.
E, no caso brasileiro, não é diferente.
Entretanto, é bom salientar, que certa maneira, mesmo com a crise
mundial, a estrutura da política econômica brasileira vem se mantendo. Desde o
início do plano Real, os governos ou intensificam ou apenas dão sequência em um
dos pilares fundamentais da estruturação do Real que é a política fiscal, sendo
mais direto, os ditos cujos superávits primários.
O ajuste desse ano é de 55 bilhões de reais, no ano passado foi de 50
bilhões de reais, portanto um incremento de 10%, não custa lembrar que a
inflação, a depender do índice utilizado, no período foi em torno de 6,5%, portanto, o governo
federal, mesmo com a crise, está fazendo um sobre-esforço para com essa
renúncia de gastos, remunerar os juros da dívida pública que esse ano será
aproximadamente de 140 bilhões de reais. Os credores da União agradecem, pois
praticamente 40% de sua remuneração, ou seja, os juros, já estão garantidos.
Qualquer interferência na política fiscal tem reflexos diretos no
crescimento econômico, haja vista, o que podemos observar na Europa e, mais
recentemente, o ano passado, em nosso país. Redução de gastos, na maioria das
vezes vem acompanhada de redução do crescimento econômico. Mas por que então
mantemos um certo crescimento? Devido ao
aumento das exportações brasileiras, mesmo sendo de baixa tecnologia, há
inversões financeiras e diretas estrangeiras e nacionais sendo realizadas no
país, que por sua vez, estimula a geração de empregos e renda.
Nos últimos anos, parece que fomos infectados com a doença dos 4% de
crescimento, há uma síndrome de não que não se pode ultrapassar essa meta, pois
vislumbram inflação, crise de mão-de-obra, crise de infra estrutura, crise de
abastecimento entre outras coisas. Uns evocam os anos 70 e 80 para explicar o
porquê não podemos crescer, outros afirmam que somente com extinção do Estado é
possível ultrapassar essa meta.
De fato, por conta dos anos 80, 90 e 2000 o investimento público
brasileiro cessou e começou a ser canalizado em um primeiro momento para a
dívida externa e, em outro momento, para a dívida interna. Os apagões que tivemos em vários setores da economia foi
justamente porque o Estado modificou a sua lógica, preferindo dar o seu quinhão
de contribuição muito mais ao capital financeiro do que ao capital industrial.
Ver matéria completa: Carta Capital.
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