Operações militares no Oriente
Médio e problemas com integração de comunidade islâmica no país ajudam a
explicar concentração de atentados.
Da BBC -16/07/2016
Só em 2015, atentados extremistas
mataram 149 pessoas na França (Foto:
REUTERS/Pascal Rossignol)
A França é um dos países ocidentais
que mais têm sido alvo de atentados ligados ao radicalismo islâmico nos últimos
tempos. Apenas em 2015, o terrorismo matou 149 pessoas e deixou centenas de
feridos, segundo dados do parlamento francês.(...)
"A França é hoje, claramente, o país mais
ameaçado. Um dos números da revista em francês do Estado Islâmico, Dar al
Islam, tinha a manchete: 'Que Alá amaldiçoe a França'", afirmou Patrick
Calvar, diretor-geral do Departamento Geral de Segurança Interna (DGSI) da França,
o serviço de inteligência do país, a uma Comissão Parlamentar de Inquérito
sobre os atentados de 2015.
Pessoas saem em choque da casa de shows
Bataclan, alvo de ataque terrorista em Paris (Foto: Kenzo Tribouillard/AFP)
Há várias razões que explicam por que a França se
tornou um alvo constante de ataques.
A primeira delas são as recentes operações
militares em países como a Síria e
o Iraque, contra oEstado Islâmico,
e no Mali, que também visam radicais islâmicos.
Outra razão é o fato de a França ter a maior
comunidade muçulmana da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas, o que
corresponde a quase 10% de sua população.
Essa população imigrante ou nascida na França de
origem estrangeira sofre há décadas problemas de integração e é, em boa parte,
desfavorecida socialmente.
Residem em áreas que concentram uma população
imigrante de baixa renda, o que cria verdadeiros guetos e favorece o
comunitarismo, acirrando o sentimento de exclusão social.(...)
A França é o país europeu de onde mais saíram
jovens para se aliar ao Estado Islâmico na Síria ou no Iraque.
Segundo o governo, cerca de 1,8 mil franceses
estariam implicados em movimentos jihadistas nos dois países. Em torno de 600
ainda estariam neles. Desse total, mais de 200 são mulheres, número que vem
crescendo nos últimos meses.
Invasão da
redação do Charlie Hebdo deu início à série de atentados.
Veja a cronologia dos ataques.
Veja a cronologia dos ataques.
Homem se emociona diante de objetos de tributo deixados em frente à
cafeteria Carillon, em Paris, onde um dos ataques terroristas ocorreu em
novembro (Foto:
Thibault Camus/AP)
Durante muito tempo, inclusive após os atentados
contra a revista satírica Charlie
Hebdo e o supermercado judaico, em janeiro de 2015,
clérigos muçulmanos ainda faziam livremente discursos considerados radicais.
Estado Islâmico assuminiu atentado em
Nice (Foto: Eric Gaillard/Reuters)
Lei da laicidade
O modelo do multiculturalismo adotado em outros
países europeus não é aplicado na França em razão da lei da laicidade, de 1905,
que determina a separação entre o Estado e a Igreja.
Dessa forma, o Estado francês não pode oferecer
serviços públicos específicos para determinada comunidade religiosa ou
financiar a construção de mesquitas.
Foi com base nessa lei que foi aprovada, em 2004, a
proibição de usar símbolos religiosos nas escolas públicas ou ainda, em 2010, o
uso do niqab (véu islâmico que deixa apenas os olhos à mostra). Orações em
grupo nas ruas foram proibidas em 2011.
Quando essas leis foram aprovadas no país, líderes
de grupos islâmicos radicais proferiram ameaças contra o país.
A lei da laicidade sempre suscita discussões
polêmicas na França, como a questão de servir ou não carne de porco (não
consumida por muçulmanos) nas cantinas escolares.
A cultura laica do Estado francês é utilizada por
radicais islâmicos como uma espécie de arma de propaganda para reafirmar a
identidade muçulmana e reforçar, ao mesmo tempo, o sentimento de exclusão de
muitos jovens.
"Nós sabemos que o Estado Islâmico planeja
novos ataques e que a França é claramente visada", ressaltou Calvar aos parlamentares.
Ver matéria completa G1 noticias.
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