domingo, 24 de julho de 2016

REFORMA AGRÁRIA

“Essa feira ajuda muito a valorizar o nosso trabalho”.

Produtora rural conta da experiência de trazer seus produtos para BH, durante Festival Nacional
Raíssa Lopes
Belo Horizonte, 22 de Julho de 2016
Maria de Fátima veio do acampamento de Campo do Meio, onde produz maracujá, mel e própolis / Larissa Costa / Brasil de Fato MG

O Festival Nacional de Arte e Cultura da Reforma Agrária começou na quarta-feira (20) e até o dia 24 faz a capital sentir um pouco do gostinho da cultura dos acampamentos e assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). O evento, que conta com extensa lista de programação cultural, trouxe para BH toneladas de alimentos comercializados por pequenos produtores, que veem o cultivo sem agrotóxicos como filosofia de vida. É o caso de Maria de Fátima Silva Meira, de 59 anos e já “com 13 de terra”, como ela gosta de dizer. 

Brasil de Fato - O que você produz? 

Maria de Fátima Silva Meira - Eu sou acampada, lá de Campo do Meio [Aradnópolis], no Sul de Minas. Eu e meus companheiros produzimos maracujá, mel e própolis. Está tudo aqui pra quem quiser ver.

Como está sendo a experiência de participar da feira? Qual a sensação de ver as pessoas elogiando os produtos que você cultivou?

É uma maravilha! Estou feliz. Essa feira ajuda muito a valorizar o nosso trabalho e existe a responsabilidade de trazer os produtos dos outros companheiros também. Cultivar e ver o resultado final é muito bom, muita felicidade. Passamos dificuldade demais… Não produzimos só ‘na raça’, é ‘nas mãos’!

O que um produto de Reforma Agrária tem de diferente desses produtos que vemos normalmente em supermercados?

Ah, esses produtos da cidade, até mesmo os que dizem que não têm agrotóxicos têm sim e falamos isso com propriedade. Já os nossos são totalmente livres de venenos, são bem mais saudáveis.


Além de debates políticos, o Festival conta com mostra de filmes, fotografias e artes plásticas. Na sexta (22), acontece a divulgação do resultado do Festival de Música, além de show de Zé Mulato e Cassiano e Pereira da Viola, na Praça da Estação. No sábado, Renegado se apresenta. No domingo, o encerramento será com Tambolelê, Xicas da Silva e Aline Calixto. Na Serraria Souza Pinto, além da feira de produtos, diversas apresentações estão previstas, como Vander Lee, Xangai e Rubinho do Vale. Todas as atividades são gratuitas .


Crédito : Brasil de Fato

Cabe ao povo criar o significado revolucionário da palavra ‘Cultura’, afirmam debatedores.
Seminário trouxe os desafios da cultura na atual luta de classes, durante o Festival de Artes e Cultura da Reforma Agrária.
23 de julho de 2016 
Cristina Bezerra, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).


Por Maria Aparecida
Da Página do MST
Fotos: Leandro Taques
Talvez um dos conceitos que mais tenha definições em qualquer dicionário, e mesmo assim seja o mais difícil de ser compreendido, seja a palavra “cultura”. Numa grande síntese e correndo risco de sermos simplistas, poderíamos resumi-la no “saber fazer de um povo”.
Porém, Cristina Bezerra, professora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), preferiu discorrer sobre “a história de uma palavra”, referindo-se aos conceitos de cultura, passeando cronologicamente por algumas das definições do termo, desde a reprodução da vida até o conceito de cultura como expressão artística.
Cristina foi uma das participantes do seminário sobre os desafios da cultura na atual luta de classes, que aconteceu, neste sábado (23), no auditório do Minascentro, em Belo Horizonte (MG), durante o Festival de Artes e Cultura da Reforma Agrária. (...)
Para ela, o primeiro conceito, que ela chamou de “sentido” está ligado diretamente à cultura como produção da existência. “Primeiro sentido da palavra cultura tem a ver com as ciências naturais, com a capacidade que o homem tem de cuidar da natureza. É a cultura como cuidado, como cultivo, como capacidade de tirar da natureza o que ele precisa, de fato, para sobreviver”, afirma.
É neste sentido que ela define o nascimento da cultura pelo trabalho, da relação do ser humano com o trabalho e que, por isso, é fundamental que “a primeira coisa que nós, enquanto trabalhadores e trabalhadores saibamos é qual a nossa intenção com a natureza”.
Outro elemento, segundo a professora, seria a relação social ao se produzir cultura. “Quando o ser humano descobre que pode produzir cultura, ele passa a se relacionar com outras pessoas, se relacionar socialmente. Ele se descobre também como ser cultivável”, aponta.
Para ela, a palavra cultura também toma outro sentido porque o ser humano aprendeu a ler a realidade em que vive, com a criação de hábitos, de costumes, e por isso foi criando elementos de pertencimento, ao mesmo tempo em que surgem elementos de exclusão. “Passa a criar projetos em comum, e coisas que as pessoas não desejam fazer, se excluem”, explica. “Nessa relação, a cultura nos dá, então, consciência”.(...)
 Ver matéria completa site MST.

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