Rebelião em presídio do
Amazonas deixa mais de 50 mortos
Foram 16
horas de muita violência entre os detentos.
Durante o tumulto, 112 presos fugiram.
Durante o tumulto, 112 presos fugiram.
Rebelião
ocorreu no Regime Fechado do Compaj (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)
Cento e doze presos fugiram do maior presídio do Amazonas durante
a rebelião violentíssima de domingo (1º). Em 16 horas, 56 detentos morreram.
Só com a situação no presídio controlada é que os
carros do Instituto Médico Legal puderam entrar para contar os mortos nesta
segunda-feira (2) de manhã. Parentes dos presos aguardavam na estrada de acesso
a unidade prisional. Ainda sem informações.
A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim,
o maior do Amazonas, começou no domingo (1º) às 18h, no horário de Brasília,
uma hora depois de uma fuga de 87 presos no Instituto Penal Antônio Trindade,
que fica ao lado. Presos do regime fechado fizeram um buraco na parede e
invadiram a galeria que abrigava presos rivais; 12 funcionários foram feitos
reféns." (...)
G1 Noticias.
Mortos em rebelião no
Amazonas pertenciam ao PCC
Facção criminosa local fez um "limpa geral" em presídio de
Manaus
Do R7, com Agência Estado
Familiares esperam notícias das
vítimas em frente à presídioEdmar Barros/02.01.2017/Futura Press/Estadão
Conteúdo
Apontada como a
terceira maior facção do país, atrás apenas do PCC (Primeiro Comando da Capital) e
do CV (Comando Vermelho), a FDN (Família do Norte do Amazonas) matou cerca de
60 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj. As mortes estão
relacionadas com a disputa entre a FDN e o PCC.
Ao menos 184 detentos
fugiram durante três motins no Estado. De acordo com o governo do Amazonas, 40
foram recapturados.
Para os
investigadores ouvidos pela reportagem, não se trata de um rebelião e sim de um
"limpa geral" contra integrantes da facção paulista no
Amazonas. As autoridades ainda não confirmaram a identidade dessas
vítimas.
“Não se trata de um
problema apenas do Sistema Penitenciário e nem é um caso isolado no País, mas
sim muito maior, já que a disputa dentro dos presídios é uma extensão da guerra
que acontece também fora”, afirma o secretário de segurança pública do estado
do Amazonas Sérgio Fontes.
Em coletiva de
imprensa, o secretário explica que os detentos estavam armados e trocaram tiros
com os policiais militares que ficam na guarita fazendo a guarda do presídio. O
objetivo dos presos, de acordo com Sérgio Fontes, era matar os internos das
facções rivais.
A FDN, que se aliou
ao Comando Vermelho, atua no tráfico de drogas, em especial de cocaína, na
região Norte do país por meio do domínio da "rota do Solimões",
responsável por escoar toda a droga produzida no Peru e Bolívia para os centros
consumidores no Brasil e no exterior. Aliada do Comando Vermelho, a FDN foi
alvo da operação La Muralla da Polícia Federal em 20 de novembro de 2015. Os
principais líderes da facção foram presos e transferidos para presídios
federais.
Na investigação que
deu origem à Operação La Muralla a Polícia federal já havia mapeado a disputa
entre as duas facções. Em pouco mais de 06 meses de investigações, segundo a
PF, "foram interceptadas e analisadas mais de 1 milhão e cem mil mensagens
e chamadas telefônicas relacionadas a todo tipo de práticas criminosas, sendo
coletados importantes elementos de informação e de prova de crimes como tráfico
internacional de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, evasão de
divisas, homicídios, sequestros, torturas, corrupção de autoridades públicas e
outros conexos, que são praticados e/ou planejados diariamente por praticamente
por seus membros."
Durante a
investigação também foram realizadas 11 grandes apreensões de aproximadamente
2,2 toneladas de drogas, avaliadas em mais de 18 milhões de reais, além de
armas de fogo de grosso calibre, que incluem submetralhadoras 9mm e granadas
explosivas de mão.
Assim como outras
facções, a FDN possui um estatuto próprio com os "pilares de hierarquia e
disciplina, para difusão através de extrema violência aos detentos do sistema
prisional amazonense". A regra número um é que nada é feito ou definido
sem a ordem ou aprovação de seus fundadores e principais lideranças que são:
Gelson Lima Carnaúba, vulgo "G" e José Roberto Fernandes Barbosa,
antigo traficante do bairro Compensa, conhecido pelas alcunhas de
"Z", "Messi" e/ou "Pertuba".
PCC x CV
O PCC (Primeiro
Comando da Capital), de São Paulo, e CV (Comando Vermelho), do Rio, estão em
guerra pelo domínio do tráfico de drogas na fronteira do Brasil com países como
Paraguai, Bolívia e Colômbia. A relação entre as duas quadrilhas, até então
pacífica, vinha se desgastando nos últimos meses também por causa da disputa
pelo comando do tráfico em alguns Estados.
Em outubro do ano
passado, 18 presos foram mortos durante rebeliões em presídios de Boa
Vista (Roraima) e Porto Velho (Rondônia) por causa da guerra.
Segundo o procurador
de Justiça Márcio Sérgio Christino, a relação entre as quadrilhas se agravou
depois do assassinato do empresário e narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, de
56 anos, em junho. Ele era conhecido como "rei do tráfico" e sofreu
uma emboscada na fronteira com o Paraguai. O seu carro, que tinha blindagem
para suportar tiros de fuzil e metralhadora, foi perfurado com tiros de calibre
.50, o mais potente usado em armas individuais.
— O PCC passou a
comandar o tráfico nessa região da fronteira. O CV, então um aliado, imaginou
que poderia lucrar com o tráfico, mas aconteceu o contrário. Quando eles
perceberam a real situação, o PCC já tinha dominado tudo.
R7 Noticias
Após 60 mortes em rebelião,
juiz do AM lamenta: “Nunca vi nada igual na minha vida”
Magistrado Luiz Carlos Valois acompanhou motim e lembrou dos 'muitos
corpos esquartejados'.
2/1/2017 às 14h41 (Atualizado em 2/1/2017 às 14h44)
Do R7
Rebelião em presídio de Manaus terminou com ao menos 60 mortosEdmar
Barros/02.01.2017/Futura Press/Folhapress
Leia abaixo o depoimento do magistrado:
"Resumo do que presenciei: A
rebelião começou de tarde, mas eu só soube de noite. Por volta de 22 hs me
ligaram da Secretaria de Segurança pedindo minha presença. Vieram me buscar.
Chegando lá os presos tinha tomado todo o regime fechado e o semiaberto. Tinham
feito um buraco e passavam de um lado para o outro. A polícia tinha cercado o
local. A informação era de 6 corpos. Falei com o preso que negociava pelo rádio
e disse que falaria com ele pessoalmente. A polícia fez os preparativos de
segurança. Dois presos vieram, pedindo apenas que nos comprometêssemos a não
fazer transferências, a manter a integridade física e o direito de visitas. Eu
disse que iria conversar com os responsáveis pela segurança, mas que só faria
isso se eles soltassem três reféns. Eles soltaram. Pedi que eles saíssem do
regime semiaberto. Eles saíram. A polícia tomou o semiaberto, bloqueou a
passagem. Depois os presos disseram que só iriam entregar os outros reféns às 7
da manhã. Esperou-se. Voltei, falei com o preso de antes, levei um documento
dizendo que as autoridades estavam de acordo. Eles entregaram os demais sete
reféns funcionários, sem ferimentos. Alguns reféns presos feridos saíram de
ambulância. Vi muitos corpos, parecendo que morreram entre 50 a 60 presos
(pessoas), mas difícil afirmar, pois muitos estavam esquartejados. Quando a
polícia entrou no Complexo, voltei para casa. Nunca vi nada igual na minha
vida, aqueles corpos, o sangue... fiquem com Deus!"
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