segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Rebelião em presídio

Rebelião em presídio do Amazonas deixa mais de 50 mortos
Foram 16 horas de muita violência entre os detentos.
Durante o tumulto, 112 presos fugiram.



 Rebelião ocorreu no Regime Fechado do Compaj (Foto: Suelen Gonçalves/G1 AM)


Cento e doze presos fugiram do maior presídio do Amazonas durante a rebelião violentíssima de domingo (1º). Em 16 horas, 56 detentos morreram.

Só com a situação no presídio controlada é que os carros do Instituto Médico Legal puderam entrar para contar os mortos nesta segunda-feira (2) de manhã. Parentes dos presos aguardavam na estrada de acesso a unidade prisional. Ainda sem informações.


A rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o maior do Amazonas, começou no domingo (1º) às 18h, no horário de Brasília, uma hora depois de uma fuga de 87 presos no Instituto Penal Antônio Trindade, que fica ao lado. Presos do regime fechado fizeram um buraco na parede e invadiram a galeria que abrigava presos rivais; 12 funcionários foram feitos reféns." (...)
G1 Noticias.

Mortos em rebelião no Amazonas pertenciam ao PCC
Facção criminosa local fez um "limpa geral" em presídio de Manaus

Do R7, com Agência Estado

Familiares esperam notícias das vítimas em frente à presídioEdmar Barros/02.01.2017/Futura Press/Estadão Conteúdo
Apontada como a terceira maior facção do país, atrás apenas do PCC (Primeiro Comando da Capital) e do CV (Comando Vermelho), a FDN (Família do Norte do Amazonas) matou cerca de 60 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj. As mortes estão relacionadas com a disputa entre a FDN e o PCC.
Ao menos 184 detentos fugiram durante três motins no Estado. De acordo com o governo do Amazonas, 40 foram recapturados.
Para os investigadores ouvidos pela reportagem, não se trata de um rebelião e sim de um "limpa geral" contra integrantes da facção paulista no Amazonas. As autoridades ainda não confirmaram a identidade dessas vítimas.
“Não se trata de um problema apenas do Sistema Penitenciário e nem é um caso isolado no País, mas sim muito maior, já que a disputa dentro dos presídios é uma extensão da guerra que acontece também fora”, afirma o secretário de segurança pública do estado do Amazonas Sérgio Fontes.
Em coletiva de imprensa, o secretário explica que os detentos estavam armados e trocaram tiros com os policiais militares que ficam na guarita fazendo a guarda do presídio. O objetivo dos presos, de acordo com Sérgio Fontes, era matar os internos das facções rivais.
A FDN, que se aliou ao Comando Vermelho, atua no tráfico de drogas, em especial de cocaína, na região Norte do país por meio do domínio da "rota do Solimões", responsável por escoar toda a droga produzida no Peru e Bolívia para os centros consumidores no Brasil e no exterior. Aliada do Comando Vermelho, a FDN foi alvo da operação La Muralla da Polícia Federal em 20 de novembro de 2015. Os principais líderes da facção foram presos e transferidos para presídios federais.
Na investigação que deu origem à Operação La Muralla a Polícia federal já havia mapeado a disputa entre as duas facções. Em pouco mais de 06 meses de investigações, segundo a PF, "foram interceptadas e analisadas mais de 1 milhão e cem mil mensagens e chamadas telefônicas relacionadas a todo tipo de práticas criminosas, sendo coletados importantes elementos de informação e de prova de crimes como tráfico internacional de drogas, tráfico de armas, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, homicídios, sequestros, torturas, corrupção de autoridades públicas e outros conexos, que são praticados e/ou planejados diariamente por praticamente por seus membros."
Durante a investigação também foram realizadas 11 grandes apreensões de aproximadamente 2,2 toneladas de drogas, avaliadas em mais de 18 milhões de reais, além de armas de fogo de grosso calibre, que incluem submetralhadoras 9mm e granadas explosivas de mão.
Assim como outras facções, a FDN possui um estatuto próprio com os "pilares de hierarquia e disciplina, para difusão através de extrema violência aos detentos do sistema prisional amazonense". A regra número um é que nada é feito ou definido sem a ordem ou aprovação de seus fundadores e principais lideranças que são: Gelson Lima Carnaúba, vulgo "G" e José Roberto Fernandes Barbosa, antigo traficante do bairro Compensa, conhecido pelas alcunhas de "Z", "Messi" e/ou "Pertuba".
PCC x CV
O PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e CV (Comando Vermelho), do Rio, estão em guerra pelo domínio do tráfico de drogas na fronteira do Brasil com países como Paraguai, Bolívia e Colômbia. A relação entre as duas quadrilhas, até então pacífica, vinha se desgastando nos últimos meses também por causa da disputa pelo comando do tráfico em alguns Estados.
Em outubro do ano passado, 18 presos foram mortos durante rebeliões em presídios de Boa Vista (Roraima) e Porto Velho (Rondônia) por causa da guerra.
Segundo o procurador de Justiça Márcio Sérgio Christino, a relação entre as quadrilhas se agravou depois do assassinato do empresário e narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, de 56 anos, em junho. Ele era conhecido como "rei do tráfico" e sofreu uma emboscada na fronteira com o Paraguai. O seu carro, que tinha blindagem para suportar tiros de fuzil e metralhadora, foi perfurado com tiros de calibre .50, o mais potente usado em armas individuais.
— O PCC passou a comandar o tráfico nessa região da fronteira. O CV, então um aliado, imaginou que poderia lucrar com o tráfico, mas aconteceu o contrário. Quando eles perceberam a real situação, o PCC já tinha dominado tudo.
 R7 Noticias


Após 60 mortes em rebelião, juiz do AM lamenta: “Nunca vi nada igual na minha vida”

Magistrado Luiz Carlos Valois acompanhou motim e lembrou dos 'muitos corpos esquartejados'.
2/1/2017 às 14h41 (Atualizado em 2/1/2017 às 14h44)

Do R7
Rebelião em presídio de Manaus terminou com ao menos 60 mortosEdmar Barros/02.01.2017/Futura Press/Folhapress

Leia abaixo o depoimento do magistrado:

"Resumo do que presenciei: A rebelião começou de tarde, mas eu só soube de noite. Por volta de 22 hs me ligaram da Secretaria de Segurança pedindo minha presença. Vieram me buscar. Chegando lá os presos tinha tomado todo o regime fechado e o semiaberto. Tinham feito um buraco e passavam de um lado para o outro. A polícia tinha cercado o local. A informação era de 6 corpos. Falei com o preso que negociava pelo rádio e disse que falaria com ele pessoalmente. A polícia fez os preparativos de segurança. Dois presos vieram, pedindo apenas que nos comprometêssemos a não fazer transferências, a manter a integridade física e o direito de visitas. Eu disse que iria conversar com os responsáveis pela segurança, mas que só faria isso se eles soltassem três reféns. Eles soltaram. Pedi que eles saíssem do regime semiaberto. Eles saíram. A polícia tomou o semiaberto, bloqueou a passagem. Depois os presos disseram que só iriam entregar os outros reféns às 7 da manhã. Esperou-se. Voltei, falei com o preso de antes, levei um documento dizendo que as autoridades estavam de acordo. Eles entregaram os demais sete reféns funcionários, sem ferimentos. Alguns reféns presos feridos saíram de ambulância. Vi muitos corpos, parecendo que morreram entre 50 a 60 presos (pessoas), mas difícil afirmar, pois muitos estavam esquartejados. Quando a polícia entrou no Complexo, voltei para casa. Nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue... fiquem com Deus!"

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