Papa Francisco diz estar preocupado após massacre
em presídio de Manaus
Pontífice
fez apelo para que prisões sejam locais para reabilitação e reintegração
social. Motim em presídio deixou 56 mortos entre domingo e segunda.
Por
G1
04/01/2017
09h11
Após expressar pesar sobre o massacre em presídio de Manaus, o Papa Francisco fez um apelo instituições prisionais sejam locais de reabilitação e reintegração social (Foto: Filippo Monteforte / AFP)
"Papa
Francisco expressa “dor e preocupação" com a morte de presos em Manaus
O Papa Francisco manifestou nesta quarta-feira (4) sua dor e preocupação
após as 56 mortes durante uma
rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) de Manaus, no Amazonas.
A rebelião foi a mais violenta desde o Massacre do Carandiru, em 1992.
"Quero expressar tristeza e preocupação com o que aconteceu.
Convido-vos a rezar pelos mortos, pelas suas famílias, por todos os detidos na
prisão e por aqueles que trabalham nele", disse o papa durante uma
audiência-geral no Vaticano.
"Eu gostaria de renovar o meu apelo para instituições prisionais
sejam locais de reabilitação e reintegração social e que as condições de vida
dos detidos sejam dignas de seres humanos", disse o pontífice. O Papa
Francisco já recebeu detidos no Vaticano e, em suas viagens ao exterior, muitas
vezes visitou prisões.
Além dos mortos no Compaj, mais quatro presos foram mortos na Unidade
Prisional do Puraquequara (UPP), na zona rural de Manaus, elevando para ao
menos 60 o número de presos mortos esta semana no Amazonas."
Críticas internacionais
'Entidades internacionais também criticaram a omissão
das autoridades brasileiras, O Alto Comissariado
da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos cobrou uma
investigação imediata e independente. A ONU afirma que os detidos estão sob
custódia do estado e, por isso, as autoridades têm a responsabilidade sobre o
que acontece com elas. A ONU fez um apelo para que os responsáveis respondam
judicialmente.
Já Anistia Internacional atribuiu o massacre à negligência das
autoridades e à superlotação dos presídios brasileiros. A ONG ainda lembrou que
as condições da unidade prisional já tinham sido denunciadas pelo Conselho
Nacional de Justiça, mas as medidas necessárias para corrigir o problema não
foram tomadas.
Organismos
internacionais cobram reação do Brasil ao massacre no AM'.
G1 noticias
ENTENDA: o que a disputa nacional entre facções tem
a ver com a barbárie no presídio do Amazonas
Disputa
entre PCC e CV por tráfico de drogas e poder dentro das prisões é conhecida dos
órgãos de segurança, afirmam especialistas; para o ministro da Justiça, é 'um
erro achar, de uma forma simplista, que esse massacre e essas rebeliões são
apenas guerra entre facções'.
O PRIMEIRO MASSACRE Disputa entre as facções FDN e PCC resulta na maior tragédia da história do sistema prisional do Amazonas
Por
Tahiane Stochero, G1 São Paulo
03/01/2017
19h28
"A ruptura da parceria
entre as facções que comandam o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, o Comando
Vermelho (CV), e em São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) - com a
consequente disputa entre elas pelo controle do comércio nacional de
entorpecentes - é apontada por especialistas como principal motivo que levou a
facção Família do Norte (FDN) a matar 56 detentos supostamente membros do PCC
no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, na capital amazonense.
Para o promotor, o incidente no presídio de Manaus é uma retaliação da
FDN a mortes provocadas pelo PCC. “Foi retaliação e demonstração de força da
Família do Norte. É de se esperar reação agora do PCC não só no Amazonas, como
também em outros estados. Todo mundo esperava um ataque do PCC contra o FDN, e
eles foram surpreendidos agora. Teremos outros capítulos”, afirma Gakiya.
Segundo o Ministério Público, o PCC tem hoje no país 29 mil batizados (pessoas
que praticam o crime como formais integrantes da facção), sendo 22 mil deles
fora do estado de São Paulo. Já o Comando Vermelho tem 16 mil fora do Rio. Em
outubro, o MP apreendeu com detentos um "salve" (espécie de ordem
para os integrantes da facção) em que a liderança do PCC ordenava uma guerra
contra integrantes do CV.
Em seguida, em dezembro,
o PCC tomou
a comunidade da Rocinha, no Rio
de
Janeiro ,
tornando-se rival direta no comércio de drogas do Comando Vermelho.
A rota do Norte pela fronteira com Peru, Colômbia e Venezuela, como porta de
entrada marítima de drogas e armas, seria utilizada pela FDN para a realização
de negócios com outras organizações, possuindo ainda, segundo a PF, contatos
com políticos, advogados, vereadores e membros do poder público.
Especialistas apontam que a FDN possui um número menor de integrantes que
o PCC e o CV, mas não souberam apontar o número exato de batizados.
O G1 questionou
a Polícia Federal sobre inquéritos a respeito da disputa entre as facções nos
estados, mas até a publicação desta reportagem, não teve retorno. "
Transcrito do G1 Noticias.
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