domingo, 2 de outubro de 2016

"Acabar com a Educação Física é um retrocesso"

Crítica à alteração curricular do Ensino Médio, a medalhista olímpica vê prejuízos inclusive para a saúde pública
por Ingrid Matuoka — publicado 23/09/2016 14h40
Gustavo Alves / Divulgação Ana Moser: mudança é ruim para o País.

Michel Temer e o ministro da Educação, Mendonça Filho, apresentaram na quinta-feira 22 uma Medida Provisória que acaba com a obrigatoriedade das aulas de Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia no ensino médio. O ministro anunciou o modelo uma semana antes e afirmou que a urgência do governo se deve aos resultados do ensino médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Ana Moser, medalhista olímpica e sócia fundadora da ONG Atletas pelo Brasil, afirma que a questão é também de relevância para a saúde pública e que "a medida reduz a identificação e o significado da escola para os jovens". A ex-atleta de voleibol, que trabalha para ampliar e qualificar a prática de Educação Física em todo o Brasil, ressalta que a escola alcança lugares no País a que outras instituições não chegam e, por isso, é o centro de garantia de acesso ao esporte.

CartaCapital: Um mês após o Brasil receber as Olimpíadas, o governo federal 
retira a obrigatoriedade do ensino de Educação Física nas escolas. O que isso representa?
Ana Moser: Acabar com a Educação Física é um retrocesso. Voltamos para a década de 80, quando não tínhamos a obrigatoriedade da Educação Física. Isso gerou um prejuízo para a cultura da prática motora na escola, e o preço se paga até hoje. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, por exemplo, mostram que quase 70% dos alunos são sedentários. Trata-se de uma questão de saúde pública.
E, não menos importante, significa também tirar um lugar onde o adolescente pode ser adolescente, usar o corpo, se desafiar e se comunicar por meio de uma atividade motora.(...)
O esporte promove o convívio na diversidade e sob a ética de regras iguais, diz a medalhista olímpica.
CC: Sem a obrigatoriedade, a tendência é que as escolas deixem de investir na infra estrutura e nos professores de educação física?
AM: O que não é obrigatório é opcional. O que é opcional pode não existir. Temos nos baseado em trabalhos científicos e resultados de pesquisas que mostram a importância da atividade física na escola e, a partir disso, procuramos ampliar esse direito e garanti-lo a todos, e agora tiram esse direito, reduzem essa importância.(...)
Registrado em: Ana Moser Educação Esporte

Ver matéria na íntegra: Carta Capital.


VIDA DE ATLETA
Por São Paulo
         Com seu esforço, faz jus a todo o suporte que recebe, seja o financeiro, seja o incentivo de fãs. Mesmo em dias que sua pressão está mais baixa - fato normal na sua condição -, ela não se deixa abater e vai à fisioterapia - sempre cantando e com som alto no carro para animar. São cinco sessões semanais de três horas cada uma. Uma rotina puxada, digna de um atleta, tanto que Lais e as fisioterapeutas da clínica chamam os exercícios de treino.
- Não mudou muito meu dia a dia, porque eu vou para o treino e faço algum tipo de trabalho, ou alguma tarefa. Meu dia a dia parece de quando era atleta. Hoje dedico três horas do meu dia à fisioterapia e parece que corri uma maratona. Eu fico bem cansada. Minha saúde é mais sensível. Basicamente eu fico de olho na minha saúde, vou ao treino e ao mesmo tempo tenho que trabalhar, porque vida de cadeirante não é barata.
Lais Souza se esforça nos treinos (Foto: Marcos Ribolli)

O treino é composto por terapias baseadas em atividades, que buscam promover a recuperação do movimento e da sensibilidade que ela perdeu através de exercícios intensos. Elásticos, cordas e principalmente os fisioterapeutas ajudam na movimentação de braços e pernas. Ela, inclusive, anda em uma esteira ergométrica. O estímulo é passivo, mas o resultado é um real trabalho aeróbico. A frequência cardíaca chega a aumentar de 45 batimentos por minutos para 90 - a frequência cardíaca de um tetraplégico costuma ser menor do que o de um adulto saudável.
- É como se estivesse andando mesmo. As meninas sempre perguntam o que eu estou sentindo, como é que está meu batimento. Eu procuro reparar: sinto bastante meu pé bater no chão, sinto um pouco de pressão no meu quadril. Conforme elas vão mexendo minha perna, eu procuro movimentar o meu corpo, para ajudar e ver se alguma coisa entra em ação, se ativa. Para o cérebro, essa ligação de ficar tentando mostrar com o movimento do corpo que tem alguma coisa ali é muito boa. Você acaba mandando um sinal do corpo para o cérebro e vice-versa para que em algum momento os fiozinhos liguem lá de novo.
O trabalho de fisioterapia complementa o tratamento experimental com células-tronco. Lais já fez três aplicações e espera ser chamada pelo projeto de Miami ainda neste início de ano para mais uma bateria de exames e uma nova aplicação de células-tronco.(...)

Ver matéria completa:
   http://globoesporte.globo.com/olimpiadas-de-inverno/noticia/2016/01/dois-anos-apos-
acidente.

Um olhar sobre a valorização
Salário de professores brasileiros da Educação Básica está abaixo da média de outros países latino-americanos, aponta publicação da OCDE.
PEDRO RIBAS/ ANPR -  
Do fundamental ao médio, docentes brasileiros trabalham mais semanas por ano do que em países da OCDE
          Os dados da publicação Education at a Glance 2016 (Um Olhar sobre a Educação), lançada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no dia 15 de setembro, destacam o quanto os salários dos professores da Educação Básica estão defasados no Brasil. Hoje, os docentes brasileiros ganham, em média, o equivalente a US$ 12.337 ao ano, valor aproximado a R$ 40 mil, que é menos da metade da média salarial dos países da OCDE (US$ 42.062) e está abaixo dos salários de professores do ensino primário de outros países latino-americanos como Chile (US$ 26.048) e México (US$ 28.262).
Ao mesmo tempo, os professores do ensino fundamental ao médio no Brasil trabalham mais semanas por ano do que os docentes de todos os países da OCDE que forneceram essa informação. São 42 semanas por ano dos professores brasileiros ante a média de 40 semanas (em creches e pré-escolas) e 37 semanas (no ensino médio) dos docentes da OCDE.
O estudo indica uma disparidade que parece distante de ser corrigida, já que, segundo especialistas, existe uma grande possibilidade de a PEC-241, que instituirá o Novo Regime Fiscal, vir a prejudicar o Piso Nacional dos Professores (Lei 11.738/2008) em caso de aprovação. Como por ora o texto da emenda permitiria um reajuste apenas de acordo com a inflação, municípios e estados ficariam impedidos de corrigir o salário segundo a lei do piso, ou seja, com base no valor anual mínimo por aluno definido pelo Fundeb.(...)
Ver matéria completa:  Carta Capital.


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