Crítica à alteração curricular do Ensino Médio, a
medalhista olímpica vê prejuízos inclusive para a saúde pública
por Ingrid Matuoka — publicado 23/09/2016 14h40
Michel Temer e o ministro da Educação, Mendonça Filho, apresentaram na
quinta-feira 22 uma Medida Provisória que acaba com a obrigatoriedade das aulas
de Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia no ensino médio. O
ministro anunciou o modelo uma semana antes e afirmou que a urgência do governo
se deve aos resultados do ensino médio no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Ana Moser, medalhista olímpica e sócia fundadora da ONG Atletas pelo
Brasil, afirma que a questão é também de relevância para a saúde pública e que
"a medida reduz a identificação e o significado da escola para os
jovens". A ex-atleta de voleibol, que trabalha para ampliar e
qualificar a prática de Educação Física em todo o Brasil, ressalta que a escola
alcança lugares no País a que outras instituições não chegam e, por isso, é o
centro de garantia de acesso ao esporte.
CartaCapital: Um mês após o Brasil receber as Olimpíadas, o governo federal
retira a obrigatoriedade do ensino de Educação Física nas escolas. O que
isso representa?
Ana Moser: Acabar com a Educação Física é um retrocesso. Voltamos para a
década de 80, quando não tínhamos a obrigatoriedade da Educação Física. Isso
gerou um prejuízo para a cultura da prática motora na escola, e o preço se paga
até hoje. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, por exemplo,
mostram que quase 70% dos alunos são sedentários. Trata-se de uma questão de
saúde pública.
E, não menos
importante, significa também tirar um lugar onde o adolescente pode ser
adolescente, usar o corpo, se desafiar e se comunicar por meio de uma atividade
motora.(...)
O esporte promove o convívio na
diversidade e sob a ética de regras iguais, diz a medalhista olímpica.
CC: Sem a obrigatoriedade, a tendência é que as escolas
deixem de investir na infra estrutura e nos professores de educação física?
AM: O que não é obrigatório é opcional. O que é opcional pode não existir.
Temos nos baseado em trabalhos científicos e resultados de pesquisas que
mostram a importância da atividade física na escola e, a partir disso,
procuramos ampliar esse direito e garanti-lo a todos, e agora tiram esse
direito, reduzem essa importância.(...)
Ver matéria na íntegra: Carta Capital.
VIDA DE
ATLETA
Por Fernando Vidotto e Marcos
Guerra*São Paulo
Com seu esforço, faz jus a todo o
suporte que recebe, seja o financeiro, seja o incentivo de fãs. Mesmo em dias
que sua pressão está mais baixa - fato normal na sua condição -, ela não se
deixa abater e vai à fisioterapia - sempre cantando e com som alto no carro
para animar. São cinco sessões semanais de três horas cada uma. Uma rotina
puxada, digna de um atleta, tanto que Lais e as fisioterapeutas da clínica
chamam os exercícios de treino.
-
Não mudou muito meu dia a dia, porque eu vou para o treino e faço algum tipo de
trabalho, ou alguma tarefa. Meu dia a dia parece de quando era atleta. Hoje
dedico três horas do meu dia à fisioterapia e parece que corri uma maratona. Eu
fico bem cansada. Minha saúde é mais sensível. Basicamente eu fico de olho na
minha saúde, vou ao treino e ao mesmo tempo tenho que trabalhar, porque vida de
cadeirante não é barata.
Lais Souza se
esforça nos treinos (Foto: Marcos Ribolli)
O
treino é composto por terapias baseadas em atividades, que buscam promover a
recuperação do movimento e da sensibilidade que ela perdeu através de
exercícios intensos. Elásticos, cordas e principalmente os fisioterapeutas
ajudam na movimentação de braços e pernas. Ela, inclusive, anda em uma esteira
ergométrica. O estímulo é passivo, mas o resultado é um real trabalho aeróbico.
A frequência cardíaca chega a aumentar de 45 batimentos por minutos para 90 - a
frequência cardíaca de um tetraplégico costuma ser menor do que o de um adulto
saudável.
-
É como se estivesse andando mesmo. As meninas sempre perguntam o que eu estou
sentindo, como é que está meu batimento. Eu procuro reparar: sinto bastante meu
pé bater no chão, sinto um pouco de pressão no meu quadril. Conforme elas vão
mexendo minha perna, eu procuro movimentar o meu corpo, para ajudar e ver se
alguma coisa entra em ação, se ativa. Para o cérebro, essa ligação de ficar
tentando mostrar com o movimento do corpo que tem alguma coisa ali é muito boa.
Você acaba mandando um sinal do corpo para o cérebro e vice-versa para que em
algum momento os fiozinhos liguem lá de novo.
O
trabalho de fisioterapia complementa o tratamento experimental com
células-tronco. Lais já fez três aplicações e espera ser chamada pelo projeto
de Miami ainda neste início de ano para mais uma bateria de exames e uma nova
aplicação de células-tronco.(...)
Ver matéria completa:
http://globoesporte.globo.com/olimpiadas-de-inverno/noticia/2016/01/dois-anos-apos-
acidente.
Um olhar
sobre a valorização
Salário de professores brasileiros da
Educação Básica está abaixo da média de outros países latino-americanos, aponta
publicação da OCDE.
PEDRO
RIBAS/ ANPR -
Do fundamental ao
médio, docentes brasileiros trabalham mais semanas por ano do que em países da
OCDE
Os dados da publicação Education at a
Glance 2016 (Um Olhar sobre a Educação), lançada pela Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no dia 15 de setembro, destacam o
quanto os salários dos
professores da Educação Básica estão defasados no Brasil. Hoje, os
docentes brasileiros ganham, em média, o
equivalente a US$ 12.337 ao ano, valor aproximado a R$ 40 mil, que é menos da
metade da média salarial dos países da OCDE (US$ 42.062) e está abaixo dos
salários de professores do ensino primário de outros países latino-americanos
como Chile (US$ 26.048) e México (US$ 28.262).
Ao mesmo tempo, os professores do
ensino fundamental ao médio no Brasil trabalham mais semanas por ano do que os
docentes de todos os países da OCDE que forneceram essa informação. São 42 semanas por ano
dos professores brasileiros ante a média de 40 semanas (em creches e
pré-escolas) e 37 semanas (no ensino médio) dos docentes da OCDE.
O estudo indica uma
disparidade que parece distante de ser corrigida, já que, segundo
especialistas, existe uma grande
possibilidade de a PEC-241, que instituirá o Novo Regime Fiscal, vir a
prejudicar o Piso Nacional dos Professores (Lei 11.738/2008) em caso de
aprovação. Como por ora o texto da emenda
permitiria um reajuste apenas de acordo com a inflação, municípios e estados
ficariam impedidos de corrigir o salário segundo a lei do piso, ou seja, com
base no valor anual mínimo por aluno definido pelo Fundeb.(...)
Ver
matéria completa: Carta Capital.
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