terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ocupação Escolar

Os secundaristas avançam contra Temer

por Ingrid Matuoka — publicado 18/10/2016 11h45, última modificação 18/10/2016 12h07

Parte dos estudantes mobiliza-se em mais de 600 ocupações pelo Brasil contra a reforma do Ensino Médio e a PEC 241


Arquivo pessoal   - "O prejuízo é sempre para o povo preto, da periferia", diz um secundarista

Em protesto contra a reforma do Ensino Médio e a PEC 241, apresentadas pelo governo de Michel Temer em  outubro, secundaristas já ocupam 602 escolas nos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Alagoas e Minas Gerais.
Os estudantes também manifestam-se em universidades de Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Entre os alunos do Ensino Médio, o maior foco de insatisfação está no Paraná, onde 550 unidades já estão ocupadas, segundo levantamento realizado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). 
Nova força na disputa política brasileira, os secundaristas têm dado demonstrações de que não vão desistir de suas demandas. Dessa vez, o que faz com eles posicionem-se contra as propostas do governo de Michel Temer?
Júlia Fernandes* tem 16 anos e faz parte do movimento de ocupação da escola estadual Arnaldo Jansen, em Ponta Grossa (PR), a primeira a ser ocupada. Ela se opõe às medidas porque, na sua avaliação, os alunos mais pobres serão afetados negativamente por elas.
“A reforma do Ensino Médio prevê aula em tempo integral, e isso é irreal, porque muitos dos alunos de escola pública, principalmente, trabalham por necessidade, para ajudar a família ter o que comer", afirma. "E mesmo assim muitos deles já deixam a escola. Se for aula integral, ele vai optar por trabalhar ao invés de estudar”.
Esse foi o caso de Taz Assunção, que aos 14 anos teve de deixar o 6º ano do Ensino Fundamental para trabalhar. Ele já foi metalúrgico, pintor e vendedor. Hoje, aos 32 anos, teve a oportunidade de voltar a estudar, e luta para que outros jovens não precisem deixar a escola como ele.
“A redução de gastos com educação e saúde vai atingir a população mais carente. Eu já fiquei atrasado, sei como é, e tenho lutado para recuperar a minha vida escolar. E vai ser assim com muita gente”, afirma Assunção, que atua em uma ocupação de São José do Rio Preto (SP).
510 instituições de ensino estão ocupadas contra a PEC 241 e a reforma do ensino médio (Foto: Arquivo pessoal)
Marcelo Rocha, 19 anos, está no 3º ano do Ensino Médio. Morador de uma comunidade em Mauá (SP), ele também vê, por experiência própria, motivos pelos quais essas reformas vão prejudicar a população carente. “Estou em prazo de conclusão, mas o prejuízo é sempre para o povo preto, da periferia, que tem de trabalhar para sustentar a casa", diz. "Eu estava na 8ª série quando comecei um estágio para ajudar na renda, porque dava para fazer os dois, mas com tempo integral não daria”.(...)
"Ocupar é difícil, não é uma baderna como muita gente acha'"(Foto: Arquivo pessoal)
Carta Capital: ver matéria completa

Entidades brasileiras criticam PEC 241 na ONU
Organizações afirmam que proposta causa desmantelamento do sistema de direitos humanos no Brasil
Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP), 05 de Outubro de 2016 às 17:30
Manifestantes protestam contra proposta durante sessão na Câmara dos Deputados / L. Macedo/Câmara dos Deputados
Um conjunto de organizações da sociedade civil apresentou um relatório à Organização das Nações Unidas (ONU) denunciando a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 de 2016.
As entidades afirmam que o projeto, bem como  Orçamento da União para 2017, representam ameaças aos direitos da população e desarticulam o sistema de direitos humano no Brasil. O texto foi entregue ao Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em Genebra, na Suíça, nesta quarta-feira (5).
O documento é uma contribuição ao terceiro ciclo de Revisão Periódica Universal (URP), que ocorre e 2017, durante a 27ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
A URP é um mecanismo do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU através do qual todos os 193 Estados-membros devem relatar a situação dos direitos humanos em seu território a cada quatro anos e meio. A última vez que o Brasil passou pelo processo foi em 2012
As entidades que entregam o relatório são a Conferência da Família Franciscana do Brasil (CFFB), a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), a Cáritas Brasileira, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e o Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia (Sinfrajupe).

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