O ex-ministro aponta os perigos
da PEC 241, que congela os gastos em educação, mas pondera: a esquerda precisa
apontar alternativas
por Rodrigo Martins — publicado 07/10/2016
Entrevista - Renato Janine
Ribeiro Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ribeiro: 'Para universalizar o
atendimento, é preciso construir escolas, contratar professores'
Com o objetivo de tentar diminuir resistências parlamentares à
aprovação, o relator Darcísio Perondi (PMDB-RS) combinou com o governo uma
mudança no projeto. O congelamento dos recursos de saúde e educação começaria
não em 2017, como previa a proposta original do governo, mas em 2018. Desse
modo, levará mais tempo para a população sentir os efeitos da falta de verba em
hospitais e escolas e, talvez, isso não afete o humor do eleitorado nas
próximas eleições gerais.
Ex-ministro da Educação do governo Dilma, o filósofo Renato Janine
Ribeiro alerta que a proposta inviabiliza o cumprimento da meta de
universalizar o atendimento das crianças e adolescentes em idade escolar até
2020, como prevê o Plano Nacional de Educação. Atualmente, 3
milhões de alunos entre 4 e 17 anos estão fora da escola, segundo o Censo
Escolar, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) no fim de março.
“Além da questão quantitativa, há o desafio de melhorar a qualidade da educação pública, o que implica em
melhor formação dos professores, em investimentos em material didático alinhado
com as novas diretrizes curriculares e também na valorização da carreira
docente”, afirma o ex-ministro, em entrevista a CartaCapital.
Professor de ética e filosofia política da USP, Ribeiro pondera, porém, que a
esquerda precisa apontar alternativas, em vez de apenas reivindicar mais
recursos. “Desde a reeleição de Dilma, a esquerda ficou muito na defensiva, e
isso se intensificou ao longo do processo de impeachment”.
CartaCapital: O que representa a PEC 241 para a educação?
Renato Janine Ribeiro: Representa um grande perigo. Mesmo que seja possível ter alguns ganhos com uma gestão mais eficiente, há uma necessidade de aumentar os investimentos em educação por duas razões. Primeiro, para garantir o atendimento de 100% das crianças e adolescentes durante todo o período de educação obrigatória, com 14 anos de duração. Algo entre 15% e 20% das crianças com 4 e 5 anos de idade precisam ser integradas à pré-escola. Outro tanto deve ter acesso ao ensino médio. Para universalizar o atendimento, é preciso construir escolas, contratar professores.
Renato Janine Ribeiro: Representa um grande perigo. Mesmo que seja possível ter alguns ganhos com uma gestão mais eficiente, há uma necessidade de aumentar os investimentos em educação por duas razões. Primeiro, para garantir o atendimento de 100% das crianças e adolescentes durante todo o período de educação obrigatória, com 14 anos de duração. Algo entre 15% e 20% das crianças com 4 e 5 anos de idade precisam ser integradas à pré-escola. Outro tanto deve ter acesso ao ensino médio. Para universalizar o atendimento, é preciso construir escolas, contratar professores.
Além da questão quantitativa, há o desafio de melhorar a qualidade da
educação pública, o que implica em melhor formação dos professores, em investimentos
em material didático alinhado com as novas diretrizes curriculares e também na
valorização da carreira docente. Um professor com diploma de graduação ganha
cerca de 72% do salário médio das demais profissões de nível superior. O Plano Nacional de Educação estabeleceu
como meta, até 2020, nivelar essa remuneração. Ou seja, conceder aumentos
reais, acima da inflação, para os professores terem um salário compatível com o
das demais profissões com mesmo nível de formação, de forma a tornar a carreira
docente atrativa.
Ver matéria completa ; Carta
Capital.
PGR diz em parecer que PEC
do teto de gastos é inconstitucional
Documento diz que proposta de Temer 'ofende'
independência dos poderes.
Planalto afirmou ser 'evidente' que PEC pode estabelecer limite de gastos.
Planalto afirmou ser 'evidente' que PEC pode estabelecer limite de gastos.
Filipe MatosoDo G1, em Brasília 07/10/2016 19h21 - Atualizado em 07/10
Nota elaborada pela Secretaria de Relações
Institucionais da Procuradoria Geral da República afirma que a Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) enviada pelo presidente Michel Temer ao Congresso
Nacional que limita o aumento dos gastos públicos é inconstitucional porque
"ofende" a independência e a autonomia dos poderes Legislativo e
Judiciário e do Ministério Público ,
O parecer foi divulgado nesta sexta-feira (7) pela assessoria da PGR e será enviado, conforme o órgão, aos líderes partidários e ao relator da proposta, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), na próxima segunda (10).
O parecer foi divulgado nesta sexta-feira (7) pela assessoria da PGR e será enviado, conforme o órgão, aos líderes partidários e ao relator da proposta, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), na próxima segunda (10).
Pela proposta do governo, já aprovada em comissão especial e
que agora será analisada pelos plenários da Câmara e do Senado, os gastos da
União só poderão crescer conforme a inflação do ano anterior.
O projeto estabelece ainda que esse cálculo valerá pelos próximos 20 anos, mas, a partir do décimo ano, o presidente da República poderá apresentar outra fórmula.
"As
alterações por ela [PEC] pretendidas são flagrantemente inconstitucionais, por
ofenderem a independência e a autonomia dos poderes Legislativo e Judiciário e
por ofenderem a autonomia do Ministério Público e demais instituições
constitucionais do Sistema de Justiça [...] e, por consequência, o princípio
constitucional da separação dos poderes, o que justifica seu
arquivamento", diz a nota, assinada pelo secretário de Relações
Institucionais da PGR, procurador Peterson de Paula Pereira.
Após a divulgação do parecer da PGR, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou uma nota à imprensa, na qual afirmou que a PEC estabelece o mesmo critério de limite de gastos em igual proporção, "não havendo qualquer tratamento discriminatório que possa configurar violação ao princípio da separação dos poderes".
Após a divulgação do parecer da PGR, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou uma nota à imprensa, na qual afirmou que a PEC estabelece o mesmo critério de limite de gastos em igual proporção, "não havendo qualquer tratamento discriminatório que possa configurar violação ao princípio da separação dos poderes".
Ver matéria completa G1 Noticias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário