segunda-feira, 19 de março de 2018

GRATIDÃO

Mãe de policial assassinado relembra ajuda de Marielle Franco no caso: 'Foi imbatível'
Rose Vieira recebeu auxílio da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, da qual a socióloga foi assessora. 'Ela fez por muita gente, para família de policiais'.

Por Gabriel Barreira, G1 Rio
17/03/2018 07h00 

Marielle Franco, vereadora do PSOL, na Câmara do Rio em foto de 2017 (Foto: Renan Olaz/Câmara do Rio)

 O filho de Rose Vieira, o policial civil Eduardo Oliveira, morreu numa sexta-feira de abril de 2012. "Nem vivi o luto. Na segunda-feira já fui buscar justiça". Aconselhada a procurar a Comissão de Direitos Humanos da Alerj, a mãe do agente se espantou: "Falei: 'Direitos Humanos? Não fazem nada por policiais'".

"Ainda desconfiada, Rose Oliveira conheceu Marielle Franco, à época assessora do comitê na Assembleia Legislativa. "Entrei no gabinete e tive outra impressão". Seis anos depois, ao relembrar da mulher que se tornou amiga e acabou assassinada, fala com tom de gratidão."

“Marielle era lotada no gabinete do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), com quem trabalhou por 10 anos prestando auxílio jurídico e psicológico a familiares de vítimas de homicídios ou policiais vitimados. Partiu dela o apoio fundamental, segundo a mãe da vítima.”


"Ela resolveu o meu caso. Resolver não, porque quem resolve é a Justiça. Mas me ajudou. Registrou todo o caso, pegou o número do inquérito que virou processo. Ajudou com um abraço, uma palavra amiga, o acolhimento, a preocupação com a família", recorda.

"Naquele momento, a investigação ainda apontava que Eduardo havia sido morto em um suposto assalto. Com o recomeço dos trabalhos, a perícia concluiu que o tiro provavelmente havia partido de cima para baixo e acertado a cabeça do policial. Um colega se tornou o principal suspeito."

"O júri popular, que já tinha até sido marcado, foi cancelado com a mudança da linha de investigação. O novo julgamento ainda não tem data, mas uma das audiências ficou guardada na memória de Rose. Marielle chegou esbaforida ao fórum."

"Só para você ter uma ideia, a Marielle não tinha carro nessa época. Nem era vereadora. Chegou de trem. Não posso falar hoje que essa pessoa não me ajudou. Quem é que vai até Duque de Caxias, uma outra cidade, de trem só para ajudar? Só a Marielle".

Evangélica, a mãe de Eduardo Oliveira rebate e pede orações por aqueles que a criticam.

"Tenho pena por escreverem esse absurdo. Deveriam orar mais para que não aconteçam com elas. É triste ver o que a pessoa fez por outras e não ter reconhecimento. 'Ah porque não fez para X, Y, Z'. Ela fez por muita gente, para família de policiais. Porque eu sou de família de policial. Fico muito triste com o que escrevem, não era nem para levar a sério".

"Quem trabalha na Comissão de Direitos Humanos lamenta que não haja estrutura para ajudar todas as vítimas. No ano passado, foram mais de 100 policiais mortos — sem contar o auxílio prestado às vítimas civis. No grupo, não há nem 15 funcionários."

'É uma bobagem dizer que não defendia policiais', diz ex-chefe da PM

"Ex-comandante da Polícia Militar, Íbis Pereira trabalhou diretamente com Marielle. Quando ainda era chefe de gabinete do comando, trocava informações com ela sobre policiais mortos."

"Ela fazia essa ponte para que a comissão pudesse auxiliar as famílias. Um trabalho muito grande no amparo, procurando agilizar na recepção de proventos, benefícios ou aposentadoria. É um trabalho silencioso e muito bonito que as pessoas, na maioria, ignoram", opina.

Para ele, também não é verdade que Marielle e a comissão não ajudem seus colegas de farda.

"É uma bobagem dizer que não defendia policiais. Esse aspecto de bandido bom é bandido morto ou dizer que 'direitos humanos é para bandido' é um retrato da nossa miséria e indigência política e intelectual. Mostra o desconhecimento completo do que é direitos humanos e da importância dele para construção de uma sociedade civilizada. Por trás disso há um ódio secular a pobre, tem ignorância e nossas misérias", afirma.


https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/mae-de-policial-assassinado-relembra-ajuda-de-marielle-franco-no-caso-foi-imbativel.ghtml


Coronel da PM do Rio homenageia e rebate acusações contra Marielle Franco.

Oficial da reserva manifesta repúdio à onda de ataques contra vereadora assassinada. "Senti-me na obrigação de informar a amigos desinformados sobre quem ela era"

por Redação publicado 18/03/2018 14h38

"São Paulo – Em resposta aos ataques nas redes sociais à vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), assassinada na quarta-feira (14), o coronel da reserva da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Pmerj) Robson Rodrigues da Silva defendeu o trabalho e o caráter da parlamentar, em seu Facebook. 
Ele relata, entre outras passagens, que certa vez Marielle o procurou para discutir formas de ajudar policiais que sofriam de abusos, assédio moral e sexual e outras violações de seus direitos. "Alguém que 'só quer defender bandido' teria esse comportamento?", diz o oficial. Atualmente, Robson é consultor de política e segurança cidadã e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da UERJ."
"Além de coronel da reserva, ele é bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestre em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutorando em Ciências Sociais na Uerj. Entre as funções que desempenhou na Pmerj, foi comandante do Batalhão de Polícia de Choque, dirigiu a Coordenadoria de Análise Criminal, coordenador-geral das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), Chefe do Estado Maior Geral Administrativo e Chefe do Estado Maior Geral,  última função na ativa."

Os sinos dobram por ti

por Robson Rodrigues

(...) "Meu sentimento é expressado nos versos do poeta John Donne: “a morte de qualquer homem (ou mulher) me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti".

"Choro agora por uma amiga admirável, sobretudo porque lutava contra essa estupidez e sonhava com uma sociedade melhor. A vereadora Marielle era corajosa; lutava a favor das minorias, mas principalmente contra a estupidez das mortes desnecessárias que têm endereço e destinatários certos."
"Mortes muitas vezes festejadas por pessoas que querem que nós, policiais, façamos para elas o serviço sujo de um extermínio fascista. Não se esqueça que também acabamos vítimas dessa estupidez."(...)
Ver site abaixo para ler o texto de Robson na íntegra : 
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/03/coronel-da-pm-do-rio-homenageia-marielle-franco. 


Confira abaixo todos os projetos apresentados por Marielle:

·                   Creche noturna gratuita para beneficiar mães que estudam e trabalham à noite
·                   Campanha permanente de conscientização e enfrentamento ao assédio e violência sexual
·                   Criação do Dossiê Mulher Carioca, com dados da violência de gênero
·                   Assistência gratuita para construção e reforma de casas para famílias de baixa renda
·                   Criação do programa de desenvolvimento cultural do funk
·                   Fim da renúncia da cobrança de ISS para empresas de ônibus
·                   Restrição de contratos entre Prefeitura e Organizações Sociais (OSs)
·                   Prioridade para servidores serem pagos antes do prefeito, vice e secretários
·                   Programa de efetivação das medidas socioeducativas em meio aberto
·                   Dia da luta contra a Homofobia no calendário da cidade
·                   Dia da Visibilidade Lésbica no calendário da cidade
·                   Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no calendário da cidade
·                   Dia Municipal de Luta contra o Encarceramento da Juventude Negra
·                   Ações de combate ao jogo "Baleia Azul"
·                   Fixação de cartaz informativo sobre violência sexual em locais públicos de atendimento às mulheres.
.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/vozes-de-marielle-que-nao-querem-ser-caladas-projetos-da-vereadora-sao-defendidos-por-moradores.ghtml

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