Mãe de policial assassinado
relembra ajuda de Marielle Franco no caso: 'Foi imbatível'
Rose Vieira
recebeu auxílio da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, da qual a socióloga
foi assessora. 'Ela fez por muita gente, para família de policiais'.
Por Gabriel Barreira, G1 Rio
17/03/2018
07h00
Marielle
Franco, vereadora do PSOL, na Câmara do Rio em foto de 2017 (Foto: Renan
Olaz/Câmara do Rio)
O filho de
Rose Vieira, o policial civil Eduardo Oliveira, morreu numa sexta-feira de
abril de 2012. "Nem vivi o luto. Na segunda-feira já fui buscar
justiça". Aconselhada a procurar a Comissão de Direitos Humanos da Alerj,
a mãe do agente se espantou: "Falei: 'Direitos Humanos? Não fazem nada por
policiais'".
"Ainda desconfiada, Rose Oliveira conheceu Marielle Franco,
à época assessora do comitê na Assembleia Legislativa. "Entrei no gabinete
e tive outra impressão". Seis anos depois, ao relembrar da mulher que se
tornou amiga e acabou
assassinada, fala com tom de gratidão."
“Marielle era lotada no gabinete do deputado
estadual Marcelo Freixo (PSOL), com quem trabalhou por 10 anos prestando
auxílio jurídico e psicológico a familiares de vítimas de homicídios ou
policiais vitimados. Partiu dela o apoio fundamental, segundo a mãe da vítima.”
"Ela resolveu o meu caso. Resolver não, porque
quem resolve é a Justiça. Mas me ajudou. Registrou todo o caso, pegou o número
do inquérito que virou processo. Ajudou com um abraço, uma palavra amiga, o
acolhimento, a preocupação com a família", recorda.
"Naquele momento, a investigação ainda apontava que
Eduardo havia sido morto em um suposto assalto. Com o recomeço dos trabalhos, a
perícia concluiu que o tiro provavelmente havia partido de cima para baixo e
acertado a cabeça do policial. Um colega se tornou o principal suspeito."
"O júri popular, que já tinha até sido marcado, foi
cancelado com a mudança da linha de investigação. O novo julgamento ainda não
tem data, mas uma das audiências ficou guardada na memória de Rose. Marielle
chegou esbaforida ao fórum."
"Só para você ter uma ideia, a Marielle não
tinha carro nessa época. Nem era vereadora. Chegou de trem. Não posso falar
hoje que essa pessoa não me ajudou. Quem é que vai até Duque de Caxias, uma
outra cidade, de trem só para ajudar? Só a Marielle".
Evangélica, a mãe de Eduardo Oliveira rebate e pede
orações por aqueles que a criticam.
"Tenho pena por escreverem esse absurdo.
Deveriam orar mais para que não aconteçam com elas. É triste ver o que a pessoa
fez por outras e não ter reconhecimento. 'Ah porque não fez para X, Y, Z'. Ela
fez por muita gente, para família de policiais. Porque eu sou de família de
policial. Fico muito triste com o que escrevem, não era nem para levar a
sério".
"Quem trabalha
na Comissão de Direitos Humanos lamenta que não haja estrutura para ajudar
todas as vítimas. No ano passado, foram mais de 100 policiais mortos — sem
contar o auxílio prestado às vítimas civis. No grupo, não há nem 15
funcionários."
'É uma bobagem dizer que não
defendia policiais', diz ex-chefe da PM
"Ex-comandante da Polícia Militar, Íbis Pereira trabalhou diretamente com
Marielle. Quando ainda era chefe de gabinete do comando, trocava informações
com ela sobre policiais mortos."
"Ela fazia essa ponte para que a comissão pudesse auxiliar as
famílias. Um trabalho muito grande no amparo, procurando agilizar na recepção
de proventos, benefícios ou aposentadoria. É um trabalho silencioso e muito
bonito que as pessoas, na maioria, ignoram", opina.
Para ele, também não é verdade que Marielle e a comissão não ajudem seus
colegas de farda.
"É uma bobagem dizer que não defendia
policiais. Esse aspecto de bandido bom é bandido morto ou dizer que 'direitos
humanos é para bandido' é um retrato da nossa miséria e indigência política e
intelectual. Mostra o desconhecimento completo do que é direitos humanos e da
importância dele para construção de uma sociedade civilizada. Por trás disso há
um ódio secular a pobre, tem ignorância e nossas misérias", afirma.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/mae-de-policial-assassinado-relembra-ajuda-de-marielle-franco-no-caso-foi-imbativel.ghtml
Coronel da PM do Rio homenageia e rebate acusações contra Marielle
Franco.
Oficial da reserva manifesta repúdio à onda de ataques contra vereadora assassinada. "Senti-me na obrigação de informar a amigos desinformados sobre quem ela era"
por Redação publicado 18/03/2018
14h38
"São Paulo – Em
resposta aos ataques nas redes sociais à vereadora Marielle Franco (Psol-RJ),
assassinada na quarta-feira (14), o coronel da reserva da Polícia Militar do
Rio de Janeiro (Pmerj) Robson Rodrigues da Silva defendeu o trabalho e o
caráter da parlamentar, em seu Facebook.
Ele relata, entre outras passagens, que certa vez Marielle o procurou para discutir formas de ajudar policiais que sofriam de abusos, assédio moral e sexual e outras violações de seus direitos. "Alguém que 'só quer defender bandido' teria esse comportamento?", diz o oficial. Atualmente, Robson é consultor de política e segurança cidadã e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da UERJ."
"Além de coronel da reserva, ele é bacharel em Direito pela Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestre em Antropologia pela Universidade
Federal Fluminense (UFF) e doutorando em Ciências Sociais na Uerj. Entre as
funções que desempenhou na Pmerj,
foi comandante do Batalhão de Polícia de Choque, dirigiu a Coordenadoria de
Análise Criminal, coordenador-geral das Unidades de Polícia Pacificadora
(UPPs), Chefe do Estado Maior Geral Administrativo e Chefe do Estado Maior
Geral, última função na ativa."Ele relata, entre outras passagens, que certa vez Marielle o procurou para discutir formas de ajudar policiais que sofriam de abusos, assédio moral e sexual e outras violações de seus direitos. "Alguém que 'só quer defender bandido' teria esse comportamento?", diz o oficial. Atualmente, Robson é consultor de política e segurança cidadã e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da UERJ."
Os sinos dobram por ti
por Robson Rodrigues
(...) "Meu sentimento é expressado nos versos do poeta John Donne: “a morte de qualquer homem (ou mulher) me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti".
(...) "Meu sentimento é expressado nos versos do poeta John Donne: “a morte de qualquer homem (ou mulher) me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti".
"Choro agora por uma
amiga admirável, sobretudo porque lutava contra essa estupidez e sonhava com
uma sociedade melhor. A vereadora Marielle era corajosa; lutava a favor das
minorias, mas principalmente contra a estupidez das mortes desnecessárias que
têm endereço e destinatários certos."
"Mortes muitas vezes festejadas por pessoas
que querem que nós, policiais, façamos para elas o serviço sujo de um
extermínio fascista. Não se esqueça que também acabamos vítimas dessa
estupidez."(...)
Ver site abaixo para ler o texto de Robson na íntegra :
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2018/03/coronel-da-pm-do-rio-homenageia-marielle-franco.
Confira abaixo todos os projetos apresentados por
Marielle:
·
Creche noturna gratuita para beneficiar mães que
estudam e trabalham à noite
·
Campanha permanente de conscientização e
enfrentamento ao assédio e violência sexual
·
Criação do Dossiê Mulher Carioca, com dados da
violência de gênero
·
Assistência gratuita para construção e reforma de
casas para famílias de baixa renda
·
Criação do programa de desenvolvimento cultural do
funk
·
Fim da renúncia da cobrança de ISS para empresas de
ônibus
·
Restrição de contratos entre Prefeitura e
Organizações Sociais (OSs)
·
Prioridade para servidores serem pagos antes do
prefeito, vice e secretários
·
Programa de efetivação das medidas socioeducativas
em meio aberto
·
Dia da luta contra a Homofobia no calendário da
cidade
·
Dia da Visibilidade Lésbica no calendário da cidade
·
Dia de Tereza de Benguela e da Mulher Negra no
calendário da cidade
·
Dia Municipal de Luta contra o Encarceramento da
Juventude Negra
·
Ações de combate ao jogo "Baleia Azul"
·
Fixação de cartaz informativo sobre violência
sexual em locais públicos de atendimento às mulheres.
.
https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/vozes-de-marielle-que-nao-querem-ser-caladas-projetos-da-vereadora-sao-defendidos-por-moradores.ghtml
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