O carnaval carioca atraiu para si o ódio que os
indígenas sentem há décadas
por Felipe Milanez — publicado 21/02/2017 09h52
Geraldo Magela / Agência Senado
Indígenas fazem protesto na Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa da Câmara
Sonia Bone Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil,
escreve sobre o samba da Imperatriz Leopoldinense, que homenageia o Xingu, e os
ataques dos ruralistas à escola.
Por Sonia Bone Guajajara*
Quando a escola de samba Imperatriz Leopoldinense divulgou em
janeiro seu enredo de 2017, “Xingu, o clamor que vem da floresta”, um discurso
de ódio emergiu da terra. Ataques raivosos aos cariocas, ao Rio e ao Carnaval,
além do tradicional e triste racismo contra os povos indígenas, afloraram nas redes
sociais e até em certos canais de televisão.
Quem está no ritmo de levar alegria ao Sambódromo levou um susto. Para o
indígena, infelizmente isso não é novidade. Esta é somente mais uma face dos
ataques consistentes desferidos sobre nosso modo de vida e nossos direitos
conquistados na Constituição de 1988.
A lei suprema do Brasil assegura o direito originário dos povos
indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Conhecida como
“Constituição Cidadã”, é referência mundial no que diz respeito aos cuidados
com o ambiente e com os direitos humanos.
Sob a sua inspiração, o Brasil assumiu importantes compromissos
internacionais, sendo signatário, por exemplo, da Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e da Declaração dos Povos Indígenas da ONU, e
ganhou admiração internacional ao reconhecer mais de 110 milhões de hectares de
terras indígenas (TIs).
Só que, desde sua promulgação, a Constituição sofre ataques intensos dos
desgostosos, por meio de propostas de emendas constitucionais, como tiros
desferidos incessantemente: PEC, PEC, PEC.
É o caso da PEC 215, escrita para
transferir a atribuição de demarcar terras indígenas do Poder Executivo para o
Legislativo, no qual a bancada ruralista ocupa hoje desproporcionais 40% das
cadeiras. Imagine o que sobraria dos indígenas e da natureza.
Em 2017, outro ataque apareceu, e agora vindo da Presidência da
República: uma portaria em 18 de janeiro, publicada pelo Ministério da Justiça
do então ministro Alexandre de Moraes (esse que vai agora para o Supremo
Tribunal Federal indicado pelo presidente Temer), instituiu um grupo para rever processos de demarcação de
terras indígenas feitos pela já enfraquecida Funai.
O movimento indígena e o Ministério Público Federal reagiram, e a
portaria foi revogada. Mas outra foi publicada em seu lugar, e a ameaça continua no ar, pois o grupo criado
se mantém e decisões de natureza política podem prevalecer sobre conclusões
técnicas.
Além disso, essa portaria abre espaço para uma série de medidas que
atentam contra os direitos indígenas. A principal é a tese do “marco temporal”,
que na prática significaria que só teríamos direito às terras ocupadas até
outubro de 1988, a data da promulgação da Constituição – mesmo que tivéssemos
sido expulsos delas com violência, como foi reconhecido oficialmente pelo
Estado brasileiro no relatório da Comissão Nacional da Verdade.
Ver matéria completa: Carta Capital.
Papa sugere que
é melhor ser ateu do que católico hipócrita.
"É um
escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida dupla", afirmou
Francisco durante sermão da missa privada matinal em sua residência”
Em sermões
improvisados, o papa já condenou abuso sexual de crianças por padres, o que
chamou de "missa satânica"
PUBLICADO EM 23/02/17 - 17h55
ESTADÃO
O
papa Francisco sugeriu nesta quinta-feira (23) que é melhor ser ateu do que
católico hipócrita. A declaração, de improviso, foi feita durante sermão da
missa privada matinal em sua residência.
O
papa afirmou que há muitos católicos que dizem uma coisa, mas fazem outra.
"É um escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida
dupla", afirmou o pontífice.
"Existem
aqueles que dizem 'sou muito católico, sempre vou à missa, pertenço a isto e a
esta associação", disse. Segundo o papa, algumas dessas pessoas também
pensam "minha vida não é cristã, eu não pago aos meus funcionários
salários apropriados, eu exploro pessoas, eu faço negócios sujos, eu lavo
dinheiro, (eu levo) uma vida dupla". "Há muitos católicos que são
assim e eles causam escândalos. Quantas vezes todos ouvimos pessoas dizerem 'se
esta pessoa é católica, é melhor ser ateu'."
Pouco
após ser eleito, o papa afirmou que cristãos devem ser ateus como pessoas boas,
se forem pessoas boas. Em sermões improvisados, papa Francisco já condenou
abuso sexual de crianças por padres, dizendo que equivalia a uma "missa
satânica". Também afirmou que católicos na máfia se excomungam. Pediu
ainda a seus próprios cardeais para não agirem como "príncipes".
Transcrito do Jornal O Tempo
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