sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O que está por trás do ataque ruralista à Imperatriz Leopoldinense

 O carnaval carioca atraiu para si o ódio que os indígenas sentem há décadas
 por Felipe Milanez — publicado 21/02/2017 09h52
Geraldo Magela / Agência Senado
Indígenas fazem protesto na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa da Câmara
 
Sonia Bone Guajajara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, escreve sobre o samba da Imperatriz Leopoldinense, que homenageia o Xingu, e os ataques dos ruralistas à escola.
Por Sonia Bone Guajajara*
Quando a escola de samba Imperatriz Leopoldinense divulgou em janeiro seu enredo de 2017, “Xingu, o clamor que vem da floresta”, um discurso de ódio emergiu da terra. Ataques raivosos aos cariocas, ao Rio e ao Carnaval, além do tradicional e triste racismo contra os povos indígenas, afloraram nas redes sociais e até em certos canais de televisão.
Quem está no ritmo de levar alegria ao Sambódromo levou um susto. Para o indígena, infelizmente isso não é novidade. Esta é somente mais uma face dos ataques consistentes desferidos sobre nosso modo de vida e nossos direitos conquistados na Constituição de 1988.
A lei suprema do Brasil assegura o direito originário dos povos indígenas sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Conhecida como “Constituição Cidadã”, é referência mundial no que diz respeito aos cuidados com o ambiente e com os direitos humanos.
Sob a sua inspiração, o Brasil assumiu importantes compromissos internacionais, sendo signatário, por exemplo, da Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Declaração dos Povos Indígenas da ONU, e ganhou admiração internacional ao reconhecer mais de 110 milhões de hectares de terras indígenas (TIs).
Só que, desde sua promulgação, a Constituição sofre ataques intensos dos desgostosos, por meio de propostas de emendas constitucionais, como tiros desferidos incessantemente: PEC, PEC, PEC.
É o caso da PEC 215, escrita para transferir a atribuição de demarcar terras indígenas do Poder Executivo para o Legislativo, no qual a bancada ruralista ocupa hoje desproporcionais 40% das cadeiras. Imagine o que sobraria dos indígenas e da natureza.
Em 2017, outro ataque apareceu, e agora vindo da Presidência da República: uma portaria em 18 de janeiro, publicada pelo Ministério da Justiça do então ministro Alexandre de Moraes (esse que vai agora para o Supremo Tribunal Federal indicado pelo presidente Temer), instituiu um grupo para rever processos de demarcação de terras indígenas feitos pela já enfraquecida Funai.
O movimento indígena e o Ministério Público Federal reagiram, e a portaria foi revogada. Mas outra foi publicada em seu lugar, e a ameaça continua no ar, pois o grupo criado se mantém e decisões de natureza política podem prevalecer sobre conclusões técnicas.
Além disso, essa portaria abre espaço para uma série de medidas que atentam contra os direitos indígenas. A principal é a tese do “marco temporal”, que na prática significaria que só teríamos direito às terras ocupadas até outubro de 1988, a data da promulgação da Constituição – mesmo que tivéssemos sido expulsos delas com violência, como foi reconhecido oficialmente pelo Estado brasileiro no relatório da Comissão Nacional da Verdade.
Ver matéria completa: Carta Capital.
Papa sugere que é melhor ser ateu do que católico hipócrita.

"É um escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida dupla", afirmou Francisco durante sermão da missa privada matinal em sua residência”



Em sermões improvisados, o papa já condenou abuso sexual de crianças por padres, o que chamou de "missa satânica"
PUBLICADO EM 23/02/17 - 17h55
ESTADÃO
O papa Francisco sugeriu nesta quinta-feira (23) que é melhor ser ateu do que católico hipócrita. A declaração, de improviso, foi feita durante sermão da missa privada matinal em sua residência.
O papa afirmou que há muitos católicos que dizem uma coisa, mas fazem outra. "É um escândalo dizer uma coisa e fazer outra. Isto é uma vida dupla", afirmou o pontífice.
"Existem aqueles que dizem 'sou muito católico, sempre vou à missa, pertenço a isto e a esta associação", disse. Segundo o papa, algumas dessas pessoas também pensam "minha vida não é cristã, eu não pago aos meus funcionários salários apropriados, eu exploro pessoas, eu faço negócios sujos, eu lavo dinheiro, (eu levo) uma vida dupla". "Há muitos católicos que são assim e eles causam escândalos. Quantas vezes todos ouvimos pessoas dizerem 'se esta pessoa é católica, é melhor ser ateu'."
Pouco após ser eleito, o papa afirmou que cristãos devem ser ateus como pessoas boas, se forem pessoas boas. Em sermões improvisados, papa Francisco já condenou abuso sexual de crianças por padres, dizendo que equivalia a uma "missa satânica". Também afirmou que católicos na máfia se excomungam. Pediu ainda a seus próprios cardeais para não agirem como "príncipes".  
Transcrito do  Jornal O Tempo

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